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Com borboletas brancas, Colômbia fecha meio século de guerra com as Farc

27/06/2017 20h54

Gonzalo Domínguez Loeda.

Mesetas (Colômbia), 27 jun (EFE).- As Farc e o governo da Colômbia encerraram nesta terça-feira de maneira oficial e em meio a borboletas brancas meio século de conflito armado em um ato solene realizado em uma das aldeias de Mesetas, no centro do país e uma das cidades que viveu a guerra em seu estado mais latente.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o principal líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, conhecido pelo codinome "Timochenko", foram à chamada zona de transição de Buenavista, onde cerca de 550 guerrilheiros estão reunidos dentro do processo de desmobilização e desarmamento.

O líder guerrilheiro foi o primeiro a tomar a palavra para um público composto majoritariamente por seus comandados. Ele não poupou críticas ao governo diante de um Santos que se mostrou impassível durante o vendaval.

Quando chegou sua vez de se pronunciar, o governante não hesitou em dar por encerrado o conflito armado que começou há 53 anos.

"Hoje, 27 de junho, para mim e para os colombianos é um dia muito especial, um dia que jamais esqueceremos, o dia em que as armas foram trocadas pelas palavras", disse, enfaticamente.

Citando Victor Hugo, Santos afirmou que "chegará um dia em que não haverá mais guerras" e se perguntou o que restará quando todos os homens deixarem as armas.

"Será uma pequena caixa de madeira, essa que chamam urna eleitoral, de onde sairá um mandato que fará cair as espadas de todas as mãos e despertará o amor pela justiça em todos os corações", declarou.

"Somos um só povo e uma só nação avançando para o futuro dentro do leito bendito da democracia", acrescentou, ao se referir ao período que se abre para a Colômbia com as Farc desarmadas e em transição para se transformarem em um partido politico legal.

Santos ressaltou "o fim desta guerra absurda", que "não só durou mais de cinco décadas" como deixou mais de 8 milhões de vítimas, entre elas "mais de 220 mil compatriotas mortos".

Ao concluir o seu discurso, ele entregou a "Timochenko" um fuzil transformado em pá como símbolo do futuro e lembrou que se comprometeu a fazer com que a palavra seja sua única arma.

"Adeus às armas, adeus à guerra, bem-vinda a paz", disse poucos minutos antes "Timochenko", a quem Santos cumprimentou pelo nome de batismo, Rodrigo Londoño, como mais um sinal de que mesmo os nomes usados na guerra ficaram para trás.

O líder das Farc foi aplaudido por seus comandados, que também gritavam "Viva a paz".

"Este dia não termina a existência das Farc, na realidade ao que pomos fim é ao nosso confronto armado de 53 anos, pois continuaremos existindo como um movimento de caráter legal e democrático que desenvolverá seu modo ideológico, politico, organizacional e propagandístico por vias exclusivamente legais, sem armas e pacificamente", ressaltou.

Ao término de seu discurso, que incluiu um vídeo de propaganda, ex-combatentes liberaram borboletas brancas, que à luz do sol pareciam amarelas, tentando simbolizar a paz.