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Norte da Índia vive dia de calma após grave confronto por condenação de guru

26/08/2017 08h49

(Corrige número de mortos).

Nova Délhi, 26 ago (EFE).- Depois de graves confrontos que deixaram 35 mortos e centenas de feridos, o norte da Índia amanheceu neste sábado sem incidentes após os enfrentamentos de ontem entre as forças de segurança e seguidores do guru Gurmeet Ram Rahim Singh, condenado pela Justiça do país por estupro.

Os piores confrontos ocorreram ontem em duas cidades do estado de Haryana: em Panchkula, onde está o tribunal onde Rahim Sigh foi julgado, e em Sirsa, onde fica a sede da organização do guru, que tem milhares de seguidores em toda a Índia.

"A situação em Sirsa é tensa, mas pacífica", afirmou neste sábado à Agência Efe o vice-superintendente da polícia da cidade, Vijay Kumar. O mesmo foi relatado por um porta-voz das forças de segurança em Panchkula, que também confirmou que o dia está tranquilo.

Panchkula foi palco dos confrontos mais violentos. No início da tarde, pouco depois da notícia de que o guru tinha sido considerado culpado, milhares de seus seguidores, armados com paus e pedras, atacaram os jornalistas que estavam na sede da organização de Rahim Sigh e entraram em confronto com os agentes.

A médica Veena Sigh, porta-voz do Hospital Geral de Panchkula, que atendeu grande parte das vítimas, disse à Efe que tinham chegado 17 corpos à unidade. Mais tarde, outros 14 vieram procedentes de outras unidades de saúde da cidade.

"A identificação dos corpos precisa ser feita pela polícia. Esse processo já começou", disse Singh, que revelou que durante a noite alguns dos celulares dos mortos não paravam de tocar.

No entanto, os médicos estavam ocupados em atender os mais de 270 feridos que chegaram ao hospital.

Um agente da Polícia de Sirsa, que pediu anonimato, disse hoje à Efe que quatro manifestantes morreram nos confrontos de ontem.

Além de impor toque de recolher, o Exército da Índia mantém nas ruas cerca de 1.200 soldados em Panchkula e 800 em Sirsa, explicou uma fonte militar que também pediu anonimato à Efe.

O caso contra Singh é começou em 2002, quando uma de suas supostas seguidoras enviou uma carta anônima ao então primeiro-ministro da Índia, Atal Bihari Vajpayee, acusando o guru de ter estuprado tanto ela como outras devotas.

O julgamento teve início apenas em 2008, quando duas mulheres decidiram testemunhar contra ele por estupro.

O guru, líder da organização espiritual Dera Sacha Sauda ("Lugar da Verdade Real" em hindi), afirma contar com 50 milhões de seguidores na Índia.