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Povo de Porto Rico responde com solidariedade destruição deixada pelo "Maria"

22/09/2017 06h00

Alfonso Rodríguez.

San Juan, 22 set (EFE).- O furacão "Maria" deixou uma paisagem de desolação total em um Porto Rico, que ainda tentava se recuperar do golpe sofrido há duas semanas, com o ciclone "Irma", um duro golpe que a população respondeu com solidariedade.

"Maria", um nome de mulher muito popular nesta ilha caribenha, foi uma prova histórica para o sofrido povo porto-riquenho, que não via nada parecido desde 1989, quando "Hugo" destroçou de norte a sul a região que sofre todos os anos com furacões que atravessam o território.

Ainda que o "Hugo" esteja gravado na memória coletiva dos porto-riquenhos, muitos de quem viveram aquilo dizem o que ocorreu em Porto Rico, na última quarta-feira, é incomparável na história.

A Agência Efe conseguiu verificar, em um percurso pelas principais ruas de San Juan, em que estado ficou a capital, sem luz, semáforos pendurados, árvores e postes da luz caídos, vidros quebrados e todo tipo de objetos pelas ruas inundadas em áreas da capital.

As pessoas buscando desesperadamente restaurantes e cafeterias abertas, diante das portas ainda fechadas nos supermercados, onde nas horas prévias ao furacão, a população buscou por alimentos, pilhas, ferramentas e água, se preparando para o dia seguinte.

A população concentrou sua atenção precisamente na água, o que causou uma escassez que a última hora tentaram solucionar, sem sucesso, com o racionamento na venda.

A má resposta do governo diante da devastação, provocada pela falta de recursos devido à magnitude dos danos, foi respondida com a solidariedade do povo, que pôde ser visto nos bairros mais populares da capital, tentando ajudar uns aos outros.

Cruzando ruas inundadas na altura da cintura para tentar chegar em casas de familiares e amigos, os porto-riquenhos fizeram o possível nas primeiras horas para descobrir como estavam seus parentes queridos, de quem não tinham notícias por conta do colapso de todo sistema de telecomunicações e a infraestrutura elétrica.

A incapacidade das agências governamentais de ajudar seus cidadãos, fez com que grupos de moradores tomassem a iniciativa de limpar as ruas, diante do estado de degradação pela enorme queda de árvores, postes de luz, que dificultavam o deslocamento pela capital porto-riquenha.

Nos bairros, as pessoas saíram para as ruas tentando limpar a área, retirando objetos à espera de uma ajuda das autoridades que, por enquanto, não apareceram.

O governo anunciou na quinta-feira que, dentro de pelo menos 72 horas, a ajuda pública não estará em vigor, entre outras razões porquê mesmo mais de uma dia depois de sua passagem, o "Maria" deixará um rastro de destruição em Porto Rico e segue muito complicada a comunicação entre a capital e os municípios, o que também torna impossível saber quais são as necessidades da população.

Até que chegue a ajuda do governo, as pessoas seguem se apegando na solidariedade entre vizinhos como a melhor maneira de passar por um dos momentos mais difíceis da história recente de Porto Rico, que nos últimos anos parece não se recuperar dos golpes.

O "Maria" não teve compaixão com os porto-riquenhos e devastou a Ilha do Encanto, como é conhecida pelo potencial turístico, só duas semanas após o "Irma", quando sua população ainda não tinha se recuperado do furacão que deixou mais de um milhão de pessoas sem luz.

A pergunta é como Porto Rico vai vencer este novo golpe, quando, precisamente, tentava superar a falta de pagamento de uma dívida de perto de US$ 70 bilhões por causa dos cofres públicos vazios.