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Schulz e Merkel fazem última aparição pública antes de eleições na Alemanha

23/09/2017 09h22

Rodrigo Zuleta.

Berlim, 23 set (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o social-democrata Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, fizeram suas últimas aparições públicas neste sábado, na véspera de uma eleição que, segundo as pesquisas, terá uma clara vitória da atual líder da União Democrata-Cristã (CDU).

Merkel se limitou a conversar e tomar café com militantes da CDU que participaram da campanha como uma forma de agradecer pelo trabalho. Já Schulz participou de um evento do Partido Social-Democrata (SPD) em Aquisgran, no oeste do país.

A luta de Schulz no último dia antes das eleições é desesperada, já que as pesquisas dão uma vantagem de 14 pontos percentuais para a CDU contra a SPD. O ex-presidente do Parlamento Europeu tem tentado marcar diferenças com Merkel em seus últimos eventos, com um discurso de defesa da justiça social e de alívios fiscais para famílias e pessoas de baixa renda.

Merkel defende que seu legado de 12 anos no governo é a queda do desemprego. Quando ela assumiu o cargo, em 2005, havia 5 milhões de pessoas sem trabalho na Alemanha, número que caiu pela metade. A meta, segundo ela, é o pleno emprego até 2025.

"O pleno emprego é melhor que a justiça social", dizia um cartaz do CDU que resume um ponto-chave do debate durante a campanha.

O analista político Michael Spreng considera que um dos grandes erros do SPD durante a campanha foi justamente focá-la no discurso sobre justiça social em um momento no qual a maioria dos alemães considera que a situação econômica do país é boa.

"Não se pode vencer as eleições na Alemanha em 2017 com um discurso sobre justiça social", disse Spreng em uma reunião realizada pela Associação de Imprensa Estrangeira (VAP).

Os êxitos do SPD durante o governo de Merkel - o partido faz parte da grande coalizão da chanceler - também não parecem ter ajudado Schulz na campanha. Entre outras coisas, os sociais-democratas foram responsáveis pelo estabelecimento de um salário mínimo interprofissional no país.

Se a queda do desemprego é parte do legado dos 12 anos de Merkel, o lado negativo da gestão da chanceler é o crescimento da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita que, segundo as pesquisas, chegará pela primeira vez ao parlamento.

A AfD surgiu como um grupo contrário à União Europeia, que se opunha aos programas de resgate financeiro, como os realizados para a Grécia, e pedia a saída de boa parte do sul do continente da zona do euro. Depois, com a chegada em massa de refugiados em 2015, o partido optou por um discurso abertamente xenófobo e até mesmo revisionista em relação a fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial.

As pesquisas dão 11% dos votos à AfD, que poderia se tornar a terceira força do parlamento, o Bundestag. Em caso de uma nova grande aliança entre CDU e SPD, os ultradireitistas seriam o maior grupo da oposição dentro do legislativo.

As últimas pesquisas indicam dois cenários de governo. A primeira seria uma continuação da atual aliança. Na segunda, Merkel teria como aliados o Partido Liberal e Os Verdes.

Essa coalizão seria inédita em nível federal, mas já existe regionalmente no estado federado de Schleswig-Holstein.

A expectativa, no entanto, é que Merkel terá dificuldades nas negociações para formar o próximo governo em ambos os casos.

Os dois grandes partidos já afirmaram durante a campanha que não tem a intenção de seguir na grande coalizão, fórmula considerada como último recurso se outras alianças não forem viáveis.

Além disso, não seria fácil para o SPD convencer sua base eleitoral de voltar a ser parceiro minoritário de um governo liderado por Merkel.

Por outro lado, há resistência no Partido Liberal de fazer parte de um governo que seja integrado pelo Os Verdes.