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Após referendo, Lombardia e Vêneto exigem mais autonomia na Itália

22/10/2017 22h28

Roma, 22 out (EFE).- Duas das regiões mais ricas da Itália, Vêneto e Lombardia, optaram neste domingo por reclamar mais autonomia ao Estado, depois de realizar referendos consultivos, e os seus governadores anteciparam que iniciarão uma negociação com o Governo para tal fim.

Em Vêneto, com 86,5% dos votos apurados, 98,1% dos eleitores votou a favor e os demais 1,9% contra.

No caso da Lombardia, com 60% dos votos apurados, 95,64% votou a favor e 3,61% contra, com 0,75% de votos nulos, e a participação foi claramente inferior, cerca de 40%.

Ainda que não tenha estabelecido um quórum, o governador lombardo, Roberto Maroni, tinha reconhecido que se formaria se superasse os 34% registrados na reforma constitucional de 2001, no entanto seus oponentes políticos já falam de fracasso ao não chegar a 50%.

O presidente de Vêneto, Luca Zaia, que como Maroni pertencem à xenófoba Liga Norte (LN), comemorou estes resultados, considerando-os "um sucesso", e anunciando que nesta segunda-feira convocará seu gabinete para preparar o projeto antes de iniciar a negociação.

Zaia defendeu o modelo de uma Itália que avança para o federalismo e assegurou que exigirão de Roma 20 competências, bem como reter 90% dos impostos.

O governador de Vêneto reconheceu que os sistemas de contagem de votos foram objeto de um ataque cibernético, o que explica o atraso na publicação dos resultados.

Maroni destacou o "compromisso importante" adquirido com esta votação: "Impulsionar o mandato histórico que milhões de lombardos me deram para ter uma autonomia verdadeira. Ir a Roma e pedir mais competências e recursos para a Lombardia", declarou.

O subsecretário do Governo para Assuntos Regionais, Gianclaudio Bressa, afirmou que o governo de Paolo Gentiloni "está preparado" para fazer tal negociação, em declarações publicadas pela imprensa.

Estas duas regiões convocaram este referendo consultivo e não vinculativo, apoiados pela maioria de forças políticas regionais, para solicitar apoio e assim negociar com o Governo uma maior autonomia, fato contemplado pela Constituição.

Querem ganhar competências em matéria educacional, meio ambiental, de segurança e migratória mas, sobretudo, de natureza fiscal.

Estas duas regiões, que somam 34% do PIB italiano, querem reduzir seu déficit fiscal, a diferença entre o que contribuem para o Estado e o que este "devolve".

Um montante que alguns estudos avaliam em 54 bilhões de euros (US$ 63,607 bilhões) no caso da Lombardia e de cerca de 18 bilhões de euros (US$ 21,202 bilhões) para Vêneto.

O líder deste partido ultradireitista, Matteo Salvini, destacou que, entre as duas regiões, "mais de cinco milhões de pessoas votaram pela mudança", destacando que "a partir de segunda-feira" trabalhará para que este tipo de referendo se faça em novas regiões do país.

Resta saber se esta negociação segue um curso normal, já que diversos analistas apontaram nos últimos dias o fato de que o atual Governo tem apenas quatro meses de mandato, que termina em fevereiro, o que poderia atrasar os trâmites.

Durante a comemoração da consulta e nos dias anteriores, os seus organizadores ressaltaram que nada têm a ver com o pleito independentista da comunidade autônoma espanhola da Catalunha.

No enunciado do referendo na Lombardia se perguntou aos eleitores se desejam que o Governo regional peça "condições particulares de autonomia" ao Estado, mas sempre "no quadro da unidade nacional".

"Não temos nada a ver com a Catalunha. Queremos autonomia, mais poder, mais competências e um federalismo fiscal, não a independência", disse após votar Zaia.

A consulta nestas duas regiões da industrializada Itália setentrional gerou críticas por causa do seu elevado custo e porque não era um requisito "sine qua non" para iniciar uma negociação com o Governo central.

Há quem suspeite que as consultas também foram organizadas pensando nas eleições gerais e regionais da Lombardia que acontecerão no próximo ano.

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