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MSF abandona região na R. Centro-Africana devido a aumento de agressões

23/11/2017 11h26

Nairóbi, 23 nov (EFE).- A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta quinta-feira que os incidentes violentos sofridos por seu pessoal na República Centro-Africana os forçaram a abandonar este país, o que "deixa praticamente sem serviços médicos cerca de meio milhão de pessoas, mais de 10% da população nacional".

A organização cita um "violento ataque a mão armada" acontecido no último dia 20 na região de Bangassou (sul) como estopim da sua saída definitiva, e revela que nos últimos 14 meses sofreu um total de 37 incidentes com violência.

As organizações humanitárias que operam no país são vítimas frequentes destes ataques: segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), em 2016 aconteceu um total de 336 ataques contra os funcionários destas instituições, lamentou a MSF em seu comunicado.

"Tínhamos a vontade e os meios para permanecer nesta região, mas não podemos colocar as vidas de nosso pessoal em risco quando as estruturas médicas nas quais trabalhamos e eles mesmos estão sendo ameaçados", disse o coordenador geral da MSF na República Centro-Africana, Frédéric Lai.

Na região de Bangassou, sob o controle da milícia cristã Antibalaka, cerca de meio milhão de habitantes dependiam dos serviços médicos prestados pela MSF, já que os demais hospitais da região foram abandonados após reiterados ataques.

"Hoje, 30 crianças menores de cinco anos que estavam na unidade de tratamento intensivo do nosso hospital de Bangassou não poderão ser atendidas", afirmou Lai.

"Grande parte da população de Bangassou começou a fugir da cidade. Vimos como inclusive alguns dos doentes que estavam em estado crítico no hospital foram retirados por seus familiares", detacou o coordenador.

Apesar de ter deixado esta região, a MSF vai continuar operando em outras dez localidades do país, entre as quais se encontra a capital, Bangui.

A República Centro-Africana vive uma nova onda de violência apesar do cessar-fogo estipulado em junho entre Governo e grupos político-militares, entre eles os ex-rebeldes Séléka - que derrubaram em 2013 o presidente François Bozizé, abrindo passagem ao conflito -, de maioria muçulmana, e as milícias Antibalaka, com predomínio de cristãos e animistas.