Conquista do direito ao voto feminino no Reino Unido completa 100 anos
Guillermo Ximenis
Londres, 6 fev (EFE).- O Reino Unido relembra nesta terça-feira os cem anos desde que as mulheres britânicas conquistaram o direito ao voto, após uma longa campanha de desobediência civil na qual as sufragistas protagonizaram greves de fome, provocaram incêndios e quase invadiram o Parlamento.
O Parlamento britânico aprovou em 6 de fevereiro de 1918 uma lei que outorgava o direito ao voto às mulheres maiores de 30 anos, que naquele momento eram mais de oito milhões em um país imerso ainda na Primeira Guerra Mundial.
O sucesso das sufragistas britânicas se emoldura em um movimento social mais amplo que já tinha levado a reconhecer o voto feminino na Nova Zelândia (1893), na Austrália (1902), na Finlândia (1906), na Noruega (1913) e na União Soviética (1917), e que logo seria imitado na Alemanha (1918) e nos Estados Unidos (1920).
Os primeiros grupos favoráveis ao sufrágio da mulher se formaram no Reino Unido no final da década de 1860, mas não adquiriram relevância até que a ativista Emmeline Pankhurst fundou em 1903 o Sindicato Político e Social das Mulheres (WSPU, em inglês).
Nos primeiros anos do século XX, apenas o Partido Trabalhista, uma jovem organização fundada em 1900, era a favor de outorgar o direito ao voto às mulheres no Reino Unido, enquanto o Partido Liberal e o Partido Conservador se opunham, explicou à Agência Efe Sarah Richardson, pesquisadora de Política e História de Gênero na Universidade de Warwick.
"Os conservadores eram, geralmente, contra qualquer extensão do direito a voto. Entre os liberais, ainda que muitos deles apoiavam uma ampliação da democracia, havia a preocupação de que as mulheres votariam de forma esmagadora nos conservadores", indicou Richardson.
O grupo liderado por Pankhurst renunciou às medidas de pressão política que utilizadas até então por suas companheiras, baseadas em tratar de convencer com cartas e argumentos os deputados, e iniciou uma campanha radical sob a lema: "Fatos, não palavras".
Nos seguintes anos, as sufragistas queimaram o conteúdo de centenas de caixas do correio, quebraram as janelas de milhares de comércios e cortaram cabos telefônicos, entre outros atos violentos e sabotagens.
Também chamaram os cidadãos a invadir a Câmara dos Comuns e conseguiram reunir diante do palácio de Westminster cerca de 60 mil pessoas em outubro de 1908, ainda que a polícia tenha conseguido impedir que entrassem no edifício do Parlamento.
A ausência de resultados tangíveis a favor da causa as levou a partir de 1913 a radicalizar ainda mais suas ações, como a colocação de bombas que provocaram danos materiais em vários locais.
O ato de militância mais conhecido foi o da ativista Emily Davison, que se converteu em uma mártir do movimento ao se lançar sob o cavalo do rei George V durante uma corrida no hipódromo de Epsom Downs, um atropelamento que provocou sua morte poucos dias depois.
Muitas sufragistas acabaram na prisão e iniciaram greves de fome, perante a qual o Governo do Partido Liberal tratou de forçá-las a se alimentar.
O Sindicato Político e Social das Mulheres declarou uma pausa em suas ações de protesto perante o estalo da guerra, ainda que continuou exercendo pressão sobre o Governo.
Em 1917, começou a ser considerada uma reforma da lei eleitoral no Reino Unido, perante a possibilidade de que as ações radicais das sufragistas se reiniciassem com o fim da disputa e devido a que a maioria dos soldados que retornassem da frente não teriam direito a voto.
Em virtude da lei vigente naquele momento, aprovada em 1884, apenas podiam votar os homens com lucros acima de certo umbral, o que deixava de fora mais de 40% dos britânicos, entre eles grande parte dos soldados.
A norma que foi aprovada em fevereiro de 1918 outorgou o direito ao voto a todos os homens maiores de 21 anos, junto com as mulheres acima de 30.
"Foi uma lei de compromisso", afirmou Richardson, para quem o limite na idade de voto das mulheres se estabeleceu "para evitar que houvesse mais mulheres eleitores que homens".
Dez anos depois, o Parlamento britânico aprovou a lei que garantia o sufrágio universal para todas as pessoas maiores de 21 anos no Reino Unido, o que ampliou para 15 milhões as mulheres com direito ao voto no país.
Londres, 6 fev (EFE).- O Reino Unido relembra nesta terça-feira os cem anos desde que as mulheres britânicas conquistaram o direito ao voto, após uma longa campanha de desobediência civil na qual as sufragistas protagonizaram greves de fome, provocaram incêndios e quase invadiram o Parlamento.
O Parlamento britânico aprovou em 6 de fevereiro de 1918 uma lei que outorgava o direito ao voto às mulheres maiores de 30 anos, que naquele momento eram mais de oito milhões em um país imerso ainda na Primeira Guerra Mundial.
O sucesso das sufragistas britânicas se emoldura em um movimento social mais amplo que já tinha levado a reconhecer o voto feminino na Nova Zelândia (1893), na Austrália (1902), na Finlândia (1906), na Noruega (1913) e na União Soviética (1917), e que logo seria imitado na Alemanha (1918) e nos Estados Unidos (1920).
Os primeiros grupos favoráveis ao sufrágio da mulher se formaram no Reino Unido no final da década de 1860, mas não adquiriram relevância até que a ativista Emmeline Pankhurst fundou em 1903 o Sindicato Político e Social das Mulheres (WSPU, em inglês).
Nos primeiros anos do século XX, apenas o Partido Trabalhista, uma jovem organização fundada em 1900, era a favor de outorgar o direito ao voto às mulheres no Reino Unido, enquanto o Partido Liberal e o Partido Conservador se opunham, explicou à Agência Efe Sarah Richardson, pesquisadora de Política e História de Gênero na Universidade de Warwick.
"Os conservadores eram, geralmente, contra qualquer extensão do direito a voto. Entre os liberais, ainda que muitos deles apoiavam uma ampliação da democracia, havia a preocupação de que as mulheres votariam de forma esmagadora nos conservadores", indicou Richardson.
O grupo liderado por Pankhurst renunciou às medidas de pressão política que utilizadas até então por suas companheiras, baseadas em tratar de convencer com cartas e argumentos os deputados, e iniciou uma campanha radical sob a lema: "Fatos, não palavras".
Nos seguintes anos, as sufragistas queimaram o conteúdo de centenas de caixas do correio, quebraram as janelas de milhares de comércios e cortaram cabos telefônicos, entre outros atos violentos e sabotagens.
Também chamaram os cidadãos a invadir a Câmara dos Comuns e conseguiram reunir diante do palácio de Westminster cerca de 60 mil pessoas em outubro de 1908, ainda que a polícia tenha conseguido impedir que entrassem no edifício do Parlamento.
A ausência de resultados tangíveis a favor da causa as levou a partir de 1913 a radicalizar ainda mais suas ações, como a colocação de bombas que provocaram danos materiais em vários locais.
O ato de militância mais conhecido foi o da ativista Emily Davison, que se converteu em uma mártir do movimento ao se lançar sob o cavalo do rei George V durante uma corrida no hipódromo de Epsom Downs, um atropelamento que provocou sua morte poucos dias depois.
Muitas sufragistas acabaram na prisão e iniciaram greves de fome, perante a qual o Governo do Partido Liberal tratou de forçá-las a se alimentar.
O Sindicato Político e Social das Mulheres declarou uma pausa em suas ações de protesto perante o estalo da guerra, ainda que continuou exercendo pressão sobre o Governo.
Em 1917, começou a ser considerada uma reforma da lei eleitoral no Reino Unido, perante a possibilidade de que as ações radicais das sufragistas se reiniciassem com o fim da disputa e devido a que a maioria dos soldados que retornassem da frente não teriam direito a voto.
Em virtude da lei vigente naquele momento, aprovada em 1884, apenas podiam votar os homens com lucros acima de certo umbral, o que deixava de fora mais de 40% dos britânicos, entre eles grande parte dos soldados.
A norma que foi aprovada em fevereiro de 1918 outorgou o direito ao voto a todos os homens maiores de 21 anos, junto com as mulheres acima de 30.
"Foi uma lei de compromisso", afirmou Richardson, para quem o limite na idade de voto das mulheres se estabeleceu "para evitar que houvesse mais mulheres eleitores que homens".
Dez anos depois, o Parlamento britânico aprovou a lei que garantia o sufrágio universal para todas as pessoas maiores de 21 anos no Reino Unido, o que ampliou para 15 milhões as mulheres com direito ao voto no país.
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