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Colômbia calcula que Farc lucraram R$ 4,7 bi com sequestros

26.mar.2018 - Familiares dos jornalistas equatorianos sequestrados por dissidentes do grupo colombiano das Farc protestam em nome das vítimas  - Rodrigo Buendia/AFP
26.mar.2018 - Familiares dos jornalistas equatorianos sequestrados por dissidentes do grupo colombiano das Farc protestam em nome das vítimas Imagem: Rodrigo Buendia/AFP

Em Bogotá

30/05/2018 18h17

A desmobilizada guerrilha das Farc arrecadou entre 1996 e 2012 pelo menos 3,6 trilhões de pesos (US$ 1,25 bilhão) por sequestros, segundo o primeiro relatório que o Ministério Público da Colômbia entregou nesta quarta-feira à Jurisdição Especial para a Paz (JEP) sobre suas investigações do conflito armado.

A procuradoria indicou em comunicado que o documento procura "pôr fim de uma vez e para sempre aos ciclos históricos de violência e estabelecer os fundamentos da paz sem impunidade".

No texto, enviado à JEP pelo procurador-geral Néstor Humberto Martínez e pela vice-procuradora María Paulina Riveros, se detalham "as investigações em curso, por condutas cometidas por ocasião do conflito armado, incluídas as que já tenham chegado a julgamento".

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O inventário inclui 223.282 casos relacionados com o conflito, pelos quais há 280.471 investigados e "196.768 vítimas de graves violações aos direitos humanos".

Desse total, 52.220 (23,4%) foram cometidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e 13.934, equivalentes a 6,2%, pela polícia.

Também figuram 10.164 casos atribuídos ao Exército de Libertação Nacional (ELN); 55.768 às desmobilizadas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC); 3.324 a outras guerrilhas, além de 87.872 a grupos não identificados.

Na parte do relatório que faz alusão à "retenção ilegal por parte das Farc", Martínez garantiu que tal crime é "uma das violações de direitos fundamentais mais cruel e desumana que aconteceu no marco do conflito armado do nosso país".

A retenção ilegal e extorsiva de pessoas "foi recorrente através dos anos e seguiu alinhamentos explícitos das Farc para financiar sua expansão militar e potencializar sua capacidade de negociação política", acrescentou.

O relatório começa citando o sequestro e posterior assassinato do industrial e ex-ministro de Fomento, Harold Eder, ocorrido em março de 1965 em seu sítio do departamento do Cauca e considerado um dos primeiros cometidos pelas Farc.

No entanto, foi a partir da década de 1990 que as FARC intensificaram o crime do sequestro e o transformaram em uma de suas principais fontes de financiamento.

Atualmente, a procuradoria tem 6.162 investigações atribuíveis às Farc por sequestros que envolvem 8.163 vítimas e 4.314 processados.

Sobre a magnitude econômica desse fenômeno criminal para as finanças do grupo guerrilheiro, o procurador-geral ressaltou que "não foi quantificado em sua totalidade".

No entanto, "de acordo com uma estimativa oficial, durante o período 1996-2012", as Farc teriam arrecadado o equivalente a US$ 1,25 bilhão na cotação de hoje.