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ONGs confirmam viagem de Liu Xia para Alemanha

10/07/2018 11h01

(Atualiza com dados e mensagem de Liu Hiu)

Pequim, 10 jul (EFE).- Liu Xia, escritora e viúva do Nobel da Paz Liu Xiaobo, deixou a China e viajou para a Alemanha após anos de prisão domiciliar sem acusação e quase um ano depois da morte de seu marido, informaram nesta terça-feira organizações defensoras dos direitos humanos.

Fontes ligadas a Liu Xia, de 57 anos, também confirmaram que a poetisa acaba de deixar Pequim em um voo para Berlim, onde deve receber tratamento médico, enquanto seu irmão mais novo, Liu Hui, ainda está na capital chinesa cumprindo prisão domiciliar, após ser condenado por fraude em 2013.

No entanto, Liu Hui celebrou o fato de seu irmã pode começar uma "nova vida". "Agradeço às pessoas que se preocuparam com ela e a ajudaram estes anos (...) Desejo paz e alegria em sua futura vida", disse nas redes sociais.

A libertação de Liu e sua viagem à Alemanha acontecem logo depois da visita oficial realizada ontem a Berlim do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

No entanto, Hua Chunying, porta-voz do Ministério chinês de Exteriores, desmentiu que a decisão ocorreu devido a uma "questão diplomática".

Angela Merkel e Li Keqiang já haviam abordado o caso de Liu Xia quando a chanceler alemã visitou a China em maio deste ano, quando o primeiro-ministro chinês se limitou a dizer publicamente que o regime comunista protege e respeita os direitos humanos.

A saída de Liu coincide com a realização nestes dias de uma nova rodada do diálogo de direitos humanos entre a China e a União Europeia em Pequim, um encontro prévio à cúpula bilateral que será realizada na próxima segunda-feira.

Estas conversas sobre direitos humanos costumam ser complicadas, uma vez que a China considera que as demandas europeias são uma intromissão em sua soberania nacional, segundo explicaram fontes diplomáticas, que confirmaram que o caso de Liu Xia foi tratado durante essas reuniões.

"É uma grande notícia que Liu Xia finalmente esteja livre e que sua perseguição e detenção ilegal tenham chegado ao fim, quase um ano depois da morte antecipada e indigna de Liu Xiaobo", afirmou hoje o investigador de Anistia Internacional (AI), Patrick Poon.

Familiares e amigos também comemoram a notícia, que qualificaram de "milagre".

A pressão da comunidade internacional para que a China libertasse Liu foi constante, especialmente após a morte de seu marido, Liu Xiaobo, em 13 de julho do ano passado enquanto cumpria pena em um centro hospitalar, por conta de um câncer de fígado que havia sido diagnosticado após quase 9 anos na prisão e quando já estava em fase terminal.

Recentemente, especialistas em direitos humanos da ONU mostraram preocupação com a saúde mental da artista chinesa, que foi vista pela última vez em público há um ano no funeral de seu marido, Liu Xiaobo, de 61 anos, acompanhada por autoridades chinesas.

Neste último ano, vários tentativas de amigos, diplomatas e veículos de imprensa internacionais (entre eles a Agência Efe) para comparecer em seu apartamento foram freadas de forma brusca por um dispositivo de políciais à paisana presente na porta e nos arredores do edifício.