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EUA preparam processos contra fundador do Wikileaks, diz jornal

Foto: Jacques Klopp / AFP
Imagem: Foto: Jacques Klopp / AFP

15/11/2018 22h57

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está se preparando para processar o fundador do Wikileaks, Julian Assange, e acredita que tem chances de conseguir a extradição do ativista ao país, disseram fontes com conhecimento do caso ao jornal "The Wall Street Journal".

Promotores americanos debateram ao longo do último ano as acusações que poderiam ser feitas contra Assange, que vive na embaixada do Equador em Londres desde 2012, quando o governo do presidente Rafael Correa concedeu asilo político ao ativista.

Apesar de as fontes não terem revelado ao "Journal" a existência de negociações com os governos do Reino Unido ou do Equador, elas afirmaram que diversos eventos recentes encorajaram a sequência dos planos de acusar o fundador do Wikileaks.

A relação de Assange com o governo do Equador se deteriorou desde a eleição de Lenin Moreno para a presidência. O substituto de Correa descreveu o ativista como uma "pedra no sapato" do país e indicou que sua presença contínua na embaixada é insustentável.

Uma acusação do promotor especial para investigar a interferência da Rússia nas eleições americanas, Robert Mueller, contra Assange complicou os argumentos da defesa do ativista, que tenta apresentá-lo como um mero jornalista.

Segundo Mueler, o Wikileaks foi uma das ferramentas utilizadas por hackers russos para publicar email-s roubados dos servidores do Partido Democrata durante a campanha presidencial de 2016.

As fontes ouvidas pelo "Journal" não revelaram quais acusações serão feitas contra Assange. No entanto, é possível que o ativista seja enquadrado na Lei de Espionagem, que criminaliza a publicação de informações ligadas à segurança nacional americana.

Em entrevista concedida na semana passada, o chefe da Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça dos EUA, John Demers, não quis responder perguntas sobre a hipótese de acusar Assange. "Apenas direi que veremos em breve", afirmou.

Assange também teve outros problemas com o governo equatoriano. O ativista reclama do acesso à internet na embaixada e sobre as restrições a pessoas que querem visitá-lo. O fundador do Wikileaks chegou a denunciar o Equador pelas condições de seu confinamento.

A denúncia foi julgada no mês passado, mas o juiz deu ganho de causa ao governo equatoriano. Na ocasião, Assange chegou a dizer que esperava que o Equador o expulsasse em breve da embaixada.

Um dos advogados de Assange, Barry Pollack, disse ao "Journal" que não sabe de nenhum possível processo contra seu cliente.

"Não ouvimos nada das autoridades que sugira um iminente processo judicial contra Assange. Acusar alguém por publicar informações verdadeiras estabeleceria um precedente terrível e perigoso", disse Pollack ao jornal americano.