O que se sabe sobre a morte de testemunha-chave do caso Odebrecht na Colômbia
Gonzalo Domínguez Loeda.
Bogotá, 21 nov (EFE).- Duas mortes misteriosas - a do engenheiro Jorge Enrique Pizano, de infarto, e a de seu filho Alejandro, por envenenamento com cianureto - acrescentaram um tom de mistério às investigações sobre os pagamentos de propinas pela Odebrecht a autoridades da Colômbia e contribuíram para colocar em xeque o procurador-geral do país, Néstor Humberto Martínez.
O mistério começou no último dia 8, na casa de campo de Pizano na cidade de Subachoque, próxima a Bogotá. O engenheiro, testemunha-chave do escândalo de corrupção, sofreu um ataque cardíaco fulminante enquanto se barbeava e acabou falecendo.
Alejandro, que estava em Barcelona, na Espanha, voltou à Colômbia para o funeral. Três dias depois, no escritório da residência do pai, onde revia alguns pertences, ele bebeu de uma garrafa d'água que encontrou na escrivaninha e desmaiou. Aos 31 anos, teve uma parada cardíaca e morreu enquanto era levado para um hospital. Posteriormente, legistas apontaram que a causa da morte foi ingestão de cianureto - que estava na água.
Quem era Jorge Enrique Pizano?
O engenheiro era auditor financeiro da concessão das obras de construção da rodovia Ruta del Sol II representando o Grupo Aval, uma das maiores empresas do país e parceira da Odebrecht no projeto.
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De que morreu Jorge Enrique Pizano?
Pizano, que sofria de um câncer linfático, morreu de infarto, de acordo com a autópsia oficial.
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De que morreu o filho do engenheiro, Alejandro Pizano Ponce de León?
Enquanto a família preparava documentos e colocava em ordem os pertences de Jorge Enrique Pizano após a sua cremação, bebeu uma garrafa d'água saborizada que encontrou na escrivaninha do escritório do pai e imediatamente passou mal. Acabou morrendo a caminho do hospital. Na garrafa, segundo uma análise do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, havia cianureto.
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O cianureto é mortal para os humanos?
Não necessariamente. É frequentemente utilizado para trabalhos com metais nobres e para combater pragas, entre outros usos. Porém, é letal quando misturado com água, transformado em um composto chamado ácido cianídrico.
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Havia cianureto na casa de Pizano?
Sim. Os investigadores encontraram um recipiente com um quilo de cianureto, que estava debaixo da pia de um banheiro.
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De onde procedia o recipiente e quem esteve em contato com ele?
Segundo a Promotoria, o recipiente foi comprado em uma loja de Bogotá de forma legal. Análises de DNA confirmaram que Pizano manuseou tanto as duas sacolas que envolviam o recipiente e sua tampa.
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É possível que Jorge Pizano tenha morrido envenenado com cianureto, assim como o filho?
Não. Após a confirmação de que Alejandro Pizano Ponce de León tinha morrido envenenado, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses analisou de forma independente tecido coletado do corpo do pai e determinou que não havia contaminação por cianureto.
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Por que foram conservados tecidos de Pizano?
É um procedimento rotineiro na Colômbia, onde por lei são realizadas necrópsias em quem morre em casa. Como parte desse procedimento, são conservados tecidos, caso seja necessário fazer exames posteriores.
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Como o cianureto chegou à garrafa d'água da qual Alejandro bebeu?
Essa é a grande incógnita sobre o caso. As autoridades colombianas já confirmaram que tanto no corpo de Alejandro como na garrafa havia cianureto, e que a substância causou sua morte.
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-O que é a Ruta del Sol?
É uma grande rodovia em construção e que, quando estiver concluída, ligará o centro ao norte da Colômbia.
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Quem realiza a obra?
A construção do trecho II foi concedida a um consórcio liderado pela Odebrecht e cujo financiamento foi realizado pela Corficolombiana, cujo sócio majoritário é o Grupo Aval. Por isso, a empresa designou um auditor: Jorge Enrique Pizano.
Como a Odebrecht conseguiu a concessão?
A construtora brasileira pagou 84 bilhões de pesos (US$ 28,62 milhões) pela concessão, segundo a Promotoria colombiana.
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Quem é o proprietário do Grupo Aval?
Luis Carlos Sarmiento Ángulo, um dos homens mais ricos da Colômbia. Na época em que explodiu o escândalo de pagamento de propinas por parte da Odebrecht, o advogado dele era Néstor Humberto Martínez, atualmente o procurador-geral da Colômbia.
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Por que Pizano era testemunha-chave no caso Odebrecht?
Pelo papel como auditor. De fato, três meses antes de sua morte, ele deu uma entrevista à rede de televisão "Canal Uno" que foi divulgada após sua morte e na qual revelou que Martínez sabia, desde 2015, antes de assumir o cargo, das irregularidades na licitação para a construção da Ruta del Sol.
Pizano temia ser assassinado?
Sim, segundo ele mesmo escreveu à jornalista María Jimena Duzán em uma mensagem na qual revelou que colocava a vida em risco ao zelar pelos dados que prometia lhe confessar. A mensagem foi publicada pela jornalista na revista "Semana".
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Qual foi a resposta de Martínez?
O promotor alegou que Pizano levou a seu conhecimento, no segundo semestre de 2015, os resultados de uma investigação sobre contratos do consórcio Ruta del Sol, porque na "administração" do projeto não quiseram prestar atenção.
Bogotá, 21 nov (EFE).- Duas mortes misteriosas - a do engenheiro Jorge Enrique Pizano, de infarto, e a de seu filho Alejandro, por envenenamento com cianureto - acrescentaram um tom de mistério às investigações sobre os pagamentos de propinas pela Odebrecht a autoridades da Colômbia e contribuíram para colocar em xeque o procurador-geral do país, Néstor Humberto Martínez.
O mistério começou no último dia 8, na casa de campo de Pizano na cidade de Subachoque, próxima a Bogotá. O engenheiro, testemunha-chave do escândalo de corrupção, sofreu um ataque cardíaco fulminante enquanto se barbeava e acabou falecendo.
Alejandro, que estava em Barcelona, na Espanha, voltou à Colômbia para o funeral. Três dias depois, no escritório da residência do pai, onde revia alguns pertences, ele bebeu de uma garrafa d'água que encontrou na escrivaninha e desmaiou. Aos 31 anos, teve uma parada cardíaca e morreu enquanto era levado para um hospital. Posteriormente, legistas apontaram que a causa da morte foi ingestão de cianureto - que estava na água.
Quem era Jorge Enrique Pizano?
O engenheiro era auditor financeiro da concessão das obras de construção da rodovia Ruta del Sol II representando o Grupo Aval, uma das maiores empresas do país e parceira da Odebrecht no projeto.
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De que morreu Jorge Enrique Pizano?
Pizano, que sofria de um câncer linfático, morreu de infarto, de acordo com a autópsia oficial.
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De que morreu o filho do engenheiro, Alejandro Pizano Ponce de León?
Enquanto a família preparava documentos e colocava em ordem os pertences de Jorge Enrique Pizano após a sua cremação, bebeu uma garrafa d'água saborizada que encontrou na escrivaninha do escritório do pai e imediatamente passou mal. Acabou morrendo a caminho do hospital. Na garrafa, segundo uma análise do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, havia cianureto.
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O cianureto é mortal para os humanos?
Não necessariamente. É frequentemente utilizado para trabalhos com metais nobres e para combater pragas, entre outros usos. Porém, é letal quando misturado com água, transformado em um composto chamado ácido cianídrico.
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Havia cianureto na casa de Pizano?
Sim. Os investigadores encontraram um recipiente com um quilo de cianureto, que estava debaixo da pia de um banheiro.
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De onde procedia o recipiente e quem esteve em contato com ele?
Segundo a Promotoria, o recipiente foi comprado em uma loja de Bogotá de forma legal. Análises de DNA confirmaram que Pizano manuseou tanto as duas sacolas que envolviam o recipiente e sua tampa.
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É possível que Jorge Pizano tenha morrido envenenado com cianureto, assim como o filho?
Não. Após a confirmação de que Alejandro Pizano Ponce de León tinha morrido envenenado, o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses analisou de forma independente tecido coletado do corpo do pai e determinou que não havia contaminação por cianureto.
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Por que foram conservados tecidos de Pizano?
É um procedimento rotineiro na Colômbia, onde por lei são realizadas necrópsias em quem morre em casa. Como parte desse procedimento, são conservados tecidos, caso seja necessário fazer exames posteriores.
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Como o cianureto chegou à garrafa d'água da qual Alejandro bebeu?
Essa é a grande incógnita sobre o caso. As autoridades colombianas já confirmaram que tanto no corpo de Alejandro como na garrafa havia cianureto, e que a substância causou sua morte.
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-O que é a Ruta del Sol?
É uma grande rodovia em construção e que, quando estiver concluída, ligará o centro ao norte da Colômbia.
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Quem realiza a obra?
A construção do trecho II foi concedida a um consórcio liderado pela Odebrecht e cujo financiamento foi realizado pela Corficolombiana, cujo sócio majoritário é o Grupo Aval. Por isso, a empresa designou um auditor: Jorge Enrique Pizano.
Como a Odebrecht conseguiu a concessão?
A construtora brasileira pagou 84 bilhões de pesos (US$ 28,62 milhões) pela concessão, segundo a Promotoria colombiana.
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Quem é o proprietário do Grupo Aval?
Luis Carlos Sarmiento Ángulo, um dos homens mais ricos da Colômbia. Na época em que explodiu o escândalo de pagamento de propinas por parte da Odebrecht, o advogado dele era Néstor Humberto Martínez, atualmente o procurador-geral da Colômbia.
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Por que Pizano era testemunha-chave no caso Odebrecht?
Pelo papel como auditor. De fato, três meses antes de sua morte, ele deu uma entrevista à rede de televisão "Canal Uno" que foi divulgada após sua morte e na qual revelou que Martínez sabia, desde 2015, antes de assumir o cargo, das irregularidades na licitação para a construção da Ruta del Sol.
Pizano temia ser assassinado?
Sim, segundo ele mesmo escreveu à jornalista María Jimena Duzán em uma mensagem na qual revelou que colocava a vida em risco ao zelar pelos dados que prometia lhe confessar. A mensagem foi publicada pela jornalista na revista "Semana".
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Qual foi a resposta de Martínez?
O promotor alegou que Pizano levou a seu conhecimento, no segundo semestre de 2015, os resultados de uma investigação sobre contratos do consórcio Ruta del Sol, porque na "administração" do projeto não quiseram prestar atenção.
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