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Londres reforça vigilância marítima para conter chegada de imigrantes

31/12/2018 17h54

Guillermo Ximenis.

Londres, 31 dez (EFE).- O governo britânico enviará duas novas embarcações ao canal da Mancha para conter a chegada ao Reino Unido de imigrantes vindos da França, anunciou nesta segunda-feira o ministro de Interior, Sajid Javid, depois que dezenas de pessoas tentaram entrar na ilha da Grã-Bretanha nos últimos dias.

Javid se reuniu em Londres com responsáveis da polícia de fronteiras e outros corpos de segurança para abordar a situação, que lhe levou a suspender suas férias natalinas e retornar ao Reino Unido.

As duas embarcações que patrulharão as águas em frente à costa sudeste da Inglaterra deixarão seus destinos atuais para colaborar com um dispositivo destinado tanto a evitar o desembarque de imigrantes como a proteger as pessoas que tentem atravessar o canal, disse o ministro.

"Devemos lembrar que este é um dos trechos marítimos mais traiçoeiros que há. São 21 milhas (33 quilômetros) nas quais as pessoas estão assumindo graves riscos", destacou Javid em uma declaração à imprensa.

As medidas que anunciou são "tanto para proteger as vidas humanas como para proteger nossas fronteiras", acrescentou.

Nesta manhã, agentes da polícia de fronteiras detiveram 12 pessoas, incluindo uma criança de dez anos, que tinham desembarcado com um pequeno bote em uma praia do condado de Kent, no sudeste da Inglaterra.

Um porta-voz do Ministério de Interior explicou que essas pessoas, que se identificaram como cidadãos iranianos, foram submetidas a um reconhecimento médico e estão sendo interrogadas por funcionários do governo.

Entre novembro e dezembro, as forças de segurança detectaram 239 imigrantes que tentavam entrar ao Reino Unido por mar.

Essa situação levou o ministro britânico a conversar neste domingo com seu homólogo francês, Christophe Castaner, a fim de abordar soluções conjuntas para reduzir o número de pessoas que tentam atravessar o canal.

Ambos concordaram em aumentar as operações de vigilância nas águas que separam os países e adotar medidas para combater as máfias que contribuem para a imigração.

Por sua parte, o diretor-executivo da Cruz Vermelha no Reino Unido, Mike Adamson, pediu que o governo apresente aos imigrantes "alternativas seguras" ao seu perigoso percurso pelo canal da Mancha.

"As pessoas se lançam a viagens perigosas como essas porque estão desesperadas. É profundamente preocupante que haja homens, mulheres e crianças que sintam que não têm mais escolha que pôr suas vidas em risco na busca de um lugar seguro", afirmou Adamson em comunicado.

Em artigo no jornal "The Telegraph", o ministro de Interior britânico alertou que não existem medidas "fáceis" para acabar com esta situação.

"Os motivos que estão por trás do aumento de pessoas que cruzam (o canal) são complicados e em muitos casos estão fora do nosso controle", disse Javid, que citou a "instabilidade" no Oriente Médio e no Norte da África como um dos motivos principais que levam dezenas de imigrantes a abandonar seus países.

"Apesar de nossa resposta imediata contra esses cruzamentos ser vital, o Reino Unido está trabalhando nos países de origem dos imigrantes para tentar reduzir os fatores que lhes forçam a iniciar essas perigosas viagens", acrescentou o ministro.

Já a porta-voz de Interior da oposição trabalhista, Diane Abbott, acusou o Executivo de utilizar as chegadas de imigrantes à costa da Grã-Bretanha para "assustar" os cidadãos.

"Estão instigando as pessoas com problemas relacionados com a imigração porque o governo pensa que esse é o melhor modo de assustar e favorecer para que se vote a favor do acordo" sobre o Brexit, argumentou Abbott.

A primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, espera submeter à votação na terceira semana de janeiro o pacto sobre a saída britânica da União Europeia ao qual chegou com Bruxelas, embora ainda não tenha assegurada uma maioria parlamentar que o respalde. EFE