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Violência jihadista motiva fuga de 10 mil pessoas da Nigéria para Camarões

17/01/2019 14h28

Abuja, 17 jan (EFE).- Cerca de 10 mil pessoas fugiram a pé durante os últimos três dias da cidade de Rann, no nordeste da Nigéria, rumo a Camarões após o violento ataque armado cometido por supostos jihadistas, segundo confirmou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta quinta-feira.

"Há mais de 10 mil pessoas cruzando o rio que marca a fronteira (com Camarões)", detalhou em conversa por telefone com a Agência Efe o coordenador de emergências da MSF, Xavier Henry, que explicou que a ONG começou a prestar assistência a essas pessoas na cidade camaronesa de Bodo, a sete quilômetros de Rann.

Na segunda-feira passada, a cidade de Rann, no estado nigeriano de Borno, foi invadida por supostos insurgentes do grupo jihadista Estado Islâmico da África Ocidental (ISWA), braço separado do Boko Haram em 2016, segundo fontes militares.

Os jihadistas atacaram mercados, lojas e casas em Rann, onde destruíram as instalações da MSF, que contava com um armazém, um escritório e uma farmácia na cidade.

Sem nada, milhares de mulheres, homens e crianças - alguns inclusive feridos após o ataque - começaram a fugir para Camarões, alguns acompanhados de burros, e a maioria carregando apenas os poucos pertences que tinha conseguido salvar, segundo a organização humanitária.

"As condições de vida desses deslocados já foram difíceis durante muito tempo, e agora estamos tentando fazer o melhor que podemos, mas falamos de milhares e milhares de pessoas dependentes de ajuda humanitária", lamentou Henry.

O nordeste da Nigéria está há anos imerso em um estado de violência provocada pelas ações do Boko Haram, que desde 2009 luta por impor um Estado de ramo islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristão no sul.

Desde então, mais de 20 mil pessoas morreram e o número de deslocados quase alcança os dois milhões, segundo as Nações Unidas.

Uma força conjunta multinacional integrada por Nigéria, Níger, Camarões e Chade enfraqueceu consideravelmente a insurgência do Boko Haram, mas os jihadistas ainda lançam ataques indiscriminados contra áreas sensíveis como escolas, mesquitas ou mercados. EFE