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Ucrânia condena ex-presidente Viktor Yanukovich 5 anos depois de sua cassação

24/01/2019 16h56

Kiev, 24 jan (EFE).- A Justiça da Ucrânia condenou nestas quinta-feira à revelia o ex-presidente do país Viktor Yanukovich a 13 anos de prisão às vésperas do quinto aniversário de sua cassação na revolução de 2014 e das cruciais eleições presidenciais de março.

Yanukovich, que vive exilado na Rússia, foi condenado por alta traição e cumplicidade na agressão militar russa, que se traduziu na anexação da península da Crimeia e no apoio da sublevação pró-russa nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, em março e abril de 2014, respectivamente.

O juiz do tribunal do distrito Obolonski de Kiev, Vladislav Devyatko, considerou que a Promotoria provou que Yanukovich abriu caminho para que a Rússia cometesse "um crime contra a paz" em forma de "guerra de agressão".

No entanto, Devyatko absolveu o ex-presidente da acusação de contribuir para a alteração da integridade territorial da Ucrânia ao considerar que a Promotoria não foi capaz de apresentar provas de que ele promoveu o "separatismo" com suas ações.

O ex-presidente, de 68 anos, nem sequer participou da audiência via videoconferência, como aconteceu em outras ocasiões ao longo do processo, já que ainda se recupera de uma cirurgia.

Quanto à possibilidade de comparecer ao julgamento em Kiev, Yanukovich rejeitou em várias ocasiões essa opção, já que disse temer por sua vida.

Os advogados de Yanukovich acusaram o tribunal de violar o direito à defesa ao não esperar que o acusado se recuperasse para dispor da última palavra e estar presente na leitura da sentença, e o governo de ordenar que a decisão fosse ditada antes do aniversário da revolução.

Apesar da condenação, é muito improvável que o ex-presidente seja preso, dado que Moscou se negou reiteradas vezes a extraditá-lo, e quando ainda cabem recursos diante de instâncias internacionais.

A respeito, um dos advogados de Yanukovich, Alexander Goroshinsky, que a defesa recorrerá da sentença e denunciou que a corte "atuou desde o início pressionada pelas autoridades estatais".

"Não há dúvida que o tribunal trabalhou sob pressão, sob o controle do poder estatal, do governo atual", liderado por Petro Poroshenko, disse o advogado em declarações à imprensa ucraniana.

Yanukovich, que quase não fez aparições públicas nos últimos anos, reprovou a anexação da Crimeia e defendeu a concessão de amplas cotas de autonomia às regiões separatistas pró-russas de Donetsk, onde ele nasceu, e Lugansk. EFE