Governo italiano quer "sequestrar" navio e enviar 47 migrantes à Holanda
Roma, 28 jan (EFE).- Com quase dez dias desde que o navio da ONG alemã Sea Watch resgatou 47 migrantes no Mar Mediterrâneo, o governo da Itália, em cujas águas está a embarcação, segue negando o desembarque e está decidido a enviar o navio para a Holanda, já que leva a bandeira deste país.
Para o vice-primeiro-ministro italiano e líder do Movimento Cinco Estrelas, Luigi di Maio, a solução deve ser "o sequestro" do navio e enviá-lo à Holanda, segundo disse na noite de domingo em entrevista ao programa de televisão "Non è l Arena".
"Nas últimas horas, o governo italiano está tentando obter todas as informações para compartilhá-las com a Justiça e poder sequestrar a embarcação", afirmou Di Maio.
O vice-primeiro-ministro disse que também está decidido a enviar os migrantes à Holanda. "Eu não sou favorável ao registro na Itália dos que desembarcarem, isto cabe ao governo holandês", assinalou.
Di Maio acrescentou que "se o navio não é holandês, cabe ao governo deste país dizê-lo", e opinou que, neste sentido, a atitude do executivo holandês é "ambígua".
"A bandeira de um navio não é uma coisa folclórica, significa que a embarcação é território da bandeira do país que leva", ressaltou Di Maio.
Os 47 migrantes esperam para desembarcar em um porto seguro há quase dez dias, desde que foram resgatados em 19 de janeiro.
Depois de passar sete dias em águas internacionais, as condições meteorológicas adversas obrigaram as autoridades italianas a permitirem a entrada da embarcação em suas águas territoriais e agora o navio se encontra a menos de duas milhas do litoral de Siracusa, na Sicília.
O outro vice-primeiro-ministro e líder do partido Liga, Matteo Salvini, reiterou no Facebook a sua posição de que "só se chega à Itália respeitando as regras, de outra forma, STOP ("Pare", em inglês)".
Salvini disse contar com "elementos concretos para afirmar que, colocando em risco a vida das pessoas a bordo, o comandante e a tripulação da ONG Sea Watch desobedeceram às indicações" para atracar em um porto próximo, "que não era a Itália".
Essas provas serão colocadas à disposição da Justiça italiana, advertiu Salvini, que também acusou a ONG de "utilizar os migrantes para empreender uma batalha política".
Políticos, membros da Justiça e da Igreja Católica pediram ao governo italiano que permita o desembarque dessas pessoas, das quais 13 são menores.
Ontem, três parlamentares italianos desafiaram Salvini e entraram na embarcação, apesar de uma proibição expressa, para verificar as condições de saúde dos migrantes. EFE
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