Em um mês, 6 crinaças são mortas em práticas de bruxaria na Tanzânia
Dar es Salaam, 29 jan (EFE).- A responsável médica da região de Njombe, no sudoeste da Tanzânia, Bumi Mwamasave, informou que seis crianças, com idades entre três e seis anos, foram sequestradas e brutalmente assassinadas durante o último mês em um novo episódio de mortes ligadas à bruxaria.
Em entrevista à Agência Efe, ela disse que alguns corpos estavam sem órgãos vitais, como sistemas digestivo e reprodutivo. De acordo com a médica, os menores foram sequestrados a caminho da escola. O caso gerou pânico entre a população.
O governador de Njombe, Christopher Ole-Sendeka, determinou a detenção de todos os curandeiros e recomendou que os pais acompanhem os filhos o tempo todo para garantir a segurança.
"As crianças já não têm certeza na nossa sociedade. Temos que frear isso o mais rápido possível", afirmou Sendeka.
Em comunicado, o coordenador da ONU na Tanzânia, Álvaro Rodríguez, condenou "estes atos atrozes" e ofereceu "apoio" ao país para atalhar o problema.
Já a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância na Tanzânia (Unicef), Maniza Zaman, afirmou que nenhuma forma de violência ou abuso contra uma criança é aceitável.
"Isto tem que acabar", disse ela, citada na nota.
Na Tanzânia, a crença e a prática da bruxaria ainda sobrevivem e são frequentes assassinatos vinculados a essa prática. A bruxaria tem presença tanto em zonas rurais quanto nas cidades.
Mulheres, idosos e crianças geralmente são os alvos dos ataques, e zona rural ao sul do Lago Victoria é a mais afetada. Os albinos são especialmente vulneráveis e, frequentemente, partes de seus corpos acabam no mercado negro, alimentado pelo fetichismo e pela superstição.
O governo da Tanzânia proibiu a bruxaria em 2015, diante do temor de que as eleições gerais daquele ano provocassem uma onda de violência contra pessoas albinas. Elas são apontadas como donas de poderes e conseguiriam, segundo a lenda, favorecer candidatos. EFE
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