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Alemanha lembra vítimas do nazismo em aniversário de libertação de Auschwitz

31/01/2019 14h24

Berlim, 31 jan (EFE).- O presidente do Bundestag, Câmara Baixa do Parlamento alemão, Wolfgang Schäuble, lembrou nesta quinta-feira a dignidade profanada das milhões de vítimas do nazismo, ao mesmo tempo que criticou todos aqueles que resistem a conservar a memória histórica.

Em seu discurso por causa do 74° aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz, Schäuble se referiu aos "pais e mães da Lei Fundamental" alemã que há 70 anos "puseram a dignidade do homem acima de tudo" e declararam que o respeito e a proteção da mesma é "obrigação de todo poder estatal".

O artigo 1 da Lei Fundamental é "uma resposta à experiência de que a dignidade do homem foi estuprada e profanada milhões de vezes" pelos nazistas, disse.

Schäuble ressaltou que a culpa alemã nasce da responsabilidade de não querer esquecer, "para homenagear as pessoas que perderam as suas vidas, para devolver sua dignidade".

O presidente do Parlamento acrescentou que a cultura da memória não é só uma questão da sociedade civil, mas faz parte das tarefas do Estado e advertiu que quem põe em dúvida, "está pondo suas mãos acima dos fundamento desta república".

Schäuble lembrou especialmente das 1,5 milhão de crianças que foram vítimas do nazismo e cujo sofrimento permaneceu "oculto" depois da guerra, nas suas própias lembranças.

Além disso, advertiu contra os "perigosos estereótipos e preconceitos" ainda presentes na sociedade atual, contra a exclusão e a discriminação e "um antissemitismo com outra fachada".

Na mesma linha se expressou o convidado deste ano a pronunciar um discurso diante do Parlamento, o historiador israelense e sobrevivente do Holocausto Saul Friedländer, que disse que "o antissemitismo é só uma das marcas que estão castigando gradualmente uma nação atrás de outra".

"O racismo, a tentação de governos com práticas autoritárias e sobretudo um nacionalismo que se aguça cada vez mais estão tomando força de maneira preocupante no mundo todo", advertiu.

Freiländer, nascido em Praga e cujos pais foram assassinados em Auschwitz, ressaltou, além disso, seu "dever moral fundamental" de defender o direito à existência do Estado de Israel, cuja fundação em 1948 era para os judeus uma "necessidade vital".

O Estado supôs para sua geração, ou o que ficou dela, "uma pátria, um sentimento de filiação" que o acompanha até hoje, disse independentemente das críticas que possa fazer ao Governo do seu país.

"Naturalmente é legítimo criticar o Governo israelense, mas a mera ferocidade e dimensão dos ataques são simplesmente absurdos e levam o gosto de um antissemitismo pobremente oculto", disse ao se referir aos que atacam a política israelense "de maneira obsessiva" e põem paralelamente em dúvida o direito à existência de Israel. EFE