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Aumentam em 11% as mortes de civis no Afeganistão, um recorde em 1 década

24.fev.2019 - Richard Bennett, chefe da unidade de direitos humanos da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama), segura uma cópia do Relatório Anual de 2018 da ONU sobre a Proteção de Civis em Conflito Armado no Afeganistão, em uma coletiva de imprensa em Cabul - Wakil Kohsar/AFP Photo
24.fev.2019 - Richard Bennett, chefe da unidade de direitos humanos da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama), segura uma cópia do Relatório Anual de 2018 da ONU sobre a Proteção de Civis em Conflito Armado no Afeganistão, em uma coletiva de imprensa em Cabul Imagem: Wakil Kohsar/AFP Photo

Em Cabul

24/02/2019 05h33

A guerra no Afeganistão causou em 2018 a morte de 3.804 civis, um aumento de 11% em comparação com o ano anterior e um número recorde desde 2009, quando as Nações Unidas começaram a contabilizar as vítimas civis no conflito afegão.

Os números são de relatório divulgado pela Missão da ONU no Afeganistão (Unama), que revelou também que 7.189 pessoas ficaram feridas no ano passado, contra 7.015 feridos de 2017.

"O nível de prejuízo e sofrimento causado aos civis no Afeganistão é muito preocupante e completamente inaceitável", afirmou o chefe da Unama, Tadamichi Yamamoto, no relatório.

Segundo o documento, as principais causas do aumento de vítimas civis se deveram a "um crescimento" dos ataques suicidas cometidos pelos insurgentes e ao aumento também dos bombardeios aéreos das forças afegãs e internacionais enviadas para o Afeganistão.

A Unama atribuiu 63% das 10.993 vítimas civis (entre mortos e feridos) aos insurgentes: 37% aos talibãs, 20% ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e os demais 6% a ações de grupos antigovernamentais sem identificar.

Por outro lado, no relatório se culpou as forças pró-governo de 24% das vítimas civis, concretamente 14% as tropas afegãs, 6% as forças internacionais e 4% grupos armados que atuam do lado do Governo afegão.

Segundo o relatório, a Unama não pôde identificar quem esteve por trás dos demais 13% de vítimas civis.

O órgão destacou, além disso, que uma das suas principais preocupações em 2018 foi o aumento do número de crianças mortas, 927, o número mais alto na última década, devido sobretudo às mortes em bombardeios aéreos e em ataques suicidas.

"O fato de o número de crianças mortas este ano ser o maior registrado até o momento é especialmente chocante", ressaltou no relatório a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

A Unama pediu a todas as partes em conflito fazer mais para prevenir as mortes de civis em uma guerra que causou na última década a morte de 32 mil civis e deixou outros 60 mil feridos.