Guaidó nega que Maduro conte com amplo apoio da Rússia
Moscou, 26 fev (EFE).- O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país, negou nesta terça-feira que a Rússia apoie amplamente o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em entrevista ao jornal russo "Novaya Gazeta".
"Não houve nenhum novo crédito nem nenhum grande investimento. Apenas declarações públicas. Não vejo isto como um amplo apoio", afirmou o deputado opositor.
Guaidó não quis criticar a cooperação russa com o regime venezuelano e lembrou que "a Rússia tem grandes investimentos na Venezuela: petróleo e gás", mas advertiu que, "atualmente, Maduro não defende ninguém".
"Nem do perigo, nem da fome, nem da perseguição. E também não defende os investidores. Maduro é um péssimo sócio para a democracia, os direitos humanos e os investimentos", acrescentou Guaidó.
Em particular, o líder da oposição destacou que "o regime de Maduro simplesmente roubou parte do investimento. Pegaram o dinheiro e não estão pagando as obrigações contraídas com a Rússia".
Guaidó afirmou que "o melhor que pode acontecer é a mudança deste regime por outro que estabilize a situação para que os investidores possam investir".
Além disso, o político do partido Vontade Popular (VP) tachou de "propaganda" as acusações de que seria um "protegido" de Washington.
"Nosso principal cliente sempre foram os Estados Unidos, mas também trabalhamos com a Rússia, e com a China e a Índia. Todos os países que nos apoiam terão nosso respeito e apoio", disse Guaidó.
O presidente da Assembleia Nacional garantiu ao "Novaya Gazeta", o meio de comunicação mais crítico com o Kremlin, que "a maioria dos venezuelanos quer mudanças", assim como "80% das Forças Armadas", e também a comunidade internacional.
Guaidó qualificou Maduro de "ditador", considerou que é sua obrigação criar um governo de transição e realizar eleições livres "o mais rápido possível" e adiantou que continuará com os protestos populares até conseguir seu objetivo.
O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, disse hoje que os EUA estão preparando uma intervenção militar no país latino-americano para derrubar Maduro, que foi "eleito" legitimamente.
Para Patrushev, a mobilização recente de forças especiais americanas tanto em Porto Rico como na Colômbia são indícios dessa intenção.
A Rússia vem acusando os EUA há algumas semanas de prepararem uma mudança violenta de regime na Venezuela sob a fachada de uma operação humanitária.
Desde um primeiro momento, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, apoiou Maduro diante do que chamou de "ingerência destrutiva" dos EUA e defendeu o diálogo para solucionar a crise. EFE
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