Presidente do Iraque é hostilizado em visita a local de naufrágio em Mossul
Mossul (Iraque), 22 mar (EFE).- Centenas de manifestantes repreenderam nesta sexta-feira o presidente do Iraque, Barham Salih, e o obrigaram a sair do local onde ontem ocorreu o naufrágio de uma embarcação que deixou pelo menos 89 mortos na cidade de Mossul.
Salih deixou o local do acidente escoltado pelas forças de segurança e outros integrantes do governo que visitaram o lugar do acidente, conforme presenciou a Agência Efe.
Vários participantes do protesto romperam o cerco em torno do veículo no qual se deslocava o governador da província de Ninawa (cuja capital é Mossul), Nofal Hamadi al Sultan, que também abandonou o local logo em seguida.
Ao menos 89 pessoas morreram e 56 foram resgatadas no naufrágio, segundo o último balanço oficial de vítimas, no qual não há informações sobre o número de desaparecidos, nem dos passageiros que estavam a bordo da embarcação.
Nahla Awad, de 35 anos, moradora da cidade de Kirkuk e que foi a Mossul para passar as férias de primavera, disse à Efe que as forças de segurança e as equipes de resgate não fizeram nada para recuperar os corpos dos seus três irmãos, que se afogaram no naufrágio.
"A alegria se transformou em um desastre e em tristeza. As equipes de resgate não fizeram nada para recuperar meus três irmãos", disse Nahla.
Abdeljabar al Jabouri, um escritor iraquiano, disse à Efe que perdeu sua esposa e suas duas filhas, que estavam com ele a bordo da embarcação, da qual ele conseguiu sair no último instante.
Jabouri relatou que fugiu em meados de 2014 de Mossul quando a cidade foi ocupada pelos combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e se mudou para Erbil, capital do Curdistão, e comentou que ontem teve "um encontro com o destino".
A embarcação naufragou aparentemente por excesso de passageiros, segundo as investigações iniciais, enquanto atravessava o rio Tigre, que divide Mossul de norte a sul.
O barco tinha capacidade para 50 pessoas e afundou perto de uma ilha turística chamada Om al Rabiain.
Várias pessoas se reuniam na área de atrações de Mossul para celebrar, entre outras festas, o Noruz, o ano novo curdo, o dia das mães e o primeiro dia da primavera. EFE
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