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Organização de prova na Itália veta africanos, mas recua após críticas

27/04/2019 18h02

Roma, 27 abr (EFE).- Os organizadores da Meia-Maratona de Trieste, cidade do nordeste da Itália, anunciaram neste sábado que desistiram de proibir a participação de atletas africanos na prova.

O recuo ocorreu depois da repercussão negativa da decisão, muito criticada por diversas organizações esportivas e de políticos.

"Após ter lançado uma provocação que atingiu o alvo, colocando a atenção sobre um tema ético fundamental, ao contrário do anunciado ontem, convidaremos também os atletas africanos", justificou Fabio Carini, organizador do evento, em comunicado.

A polêmica começou depois que o Trieste Running Festival, marcado para ocorrer entre os dias 3 e 5 de maio, anunciou a decisão de excluir os atletas africanos por considerar que eles são explorados.

"Queremos praticar um importante gesto sobre a exploração dos atletas africanos por parte de seus agentes. Eles são mal pagos e tratados de forma indecente em relação ao seu valor esportivo real. Por isso, até que uma série de coisas seja mudada, só convidaremos atletas europeus", afirmou Carini em entrevista à "RAI".

A decisão foi criticada por diversas organizações da sociedade civil e por políticos italianos, especialmente os integrantes de partidos de esquerda, que consideraram as declarações do organizador do evento como racistas e discriminatórias.

O próprio governo da Itália, formado pelos populistas do Movimento Cinco Estrelas e pelos ultradireitistas da Liga Norte, criticou o Trieste Running Festival e prometeu uma investigação.

O líder do Movimento Cinco Estrelas e vice-presidente da Itália, Luigi Di Maio, chamou a decisão da organização da meia-maratona de "loucura". Já o subsecretário de Esporte, Giancarlo Giorgetti, da Liga Norte, disse que a ideia era "equivocada". EFE