Reservas concentram metade de incêndios no Amazonas
As reservas, tanto ambientais como indígenas e de coletores artesanais, foram os alvos de 44% dos incêndios florestais registrados neste ano no estado do Amazonas, o maior dos que têm partes da Floresta Amazônica, segundo dados oficiais divulgados neste domingo.
Dos 8.915 incêndios florestais contabilizados entre 1º de janeiro e 7 de setembro no Amazonas, 3.923 foram registrados em unidades de conservação ambiental, reservas indígenas ou áreas de assentamento para coletores, aponta relatório do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
Os incêndios na Amazônia alcançaram, nos oito primeiros meses de 2019, o maior índice nos últimos sete anos. As imagens da maior floresta tropical do mundo ardendo deram a volta ao mundo, gerando repercussão mundial e provocando protestos contra o presidente Jair Bolsonaro, questionado pela sua retórica antiambientalista.
A concentração dos incêndios em reservas levou o governo do estado do Amazonas a investir na formação de brigadas anti-incêndio entre os índios da região para facilitar o combate imediato aos focos registrados em suas terras.
O intenso e efetivo trabalho dos bombeiros indígenas da etnia Tenharim foi constatado pela Agência Efe em uma visita a Humaitá, um dos principais municípios do sul do estado do Amazonas.
Segundo o Ipaam, 86% dos incêndios deste ano no Amazonas se concentraram na região sul do estado, principalmente nos municípios de Apuí, Lábrea, Novo Aripuana, Manicoré, Boca do Acre e Humaitá.
O Amazonas, com uma área de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, é o maior dos 27 estados do Brasil, e o que concentra a maior área da floresta amazônica.
O Amazonas ainda é o terceiro estado que mais sofreu com os incêndios este ano mas, pela sua localização mais afastada das principais áreas de cultivo, não enfrenta uma situação tão grave como a registrada pelos estados de Mato Grosso (18.399 incêndios este ano) e o Pará (13.236 focos de fogo).
No entanto, os 6.669 incêndios registrados em agosto no estado do Amazonas constituíram um recorde para o mês e um salto expressivo em comparação com os 1.371 focos contabilizados em julho, os 57 de junho e os 21 de maio.
O aumento dos incêndios em agosto e setembro é normal por ser tradicionalmente um período de seca, pela elevação das temperaturas e a maior intensidade dos ventos, mas os números extrapolaram este ano.
Para combater os incêndios, o governo do estado montou uma força tarefa com 800 homens, incluindo os bombeiros indígenas, enviada a os diferentes municípios da região sul do estado segundo as necessidades e a identificação de novos focos.
A maior parte dos 800 responsáveis pela tarefa é das Forças Armadas, graças à decisão de Bolsonaro de autorizar a mobilização dos militares para participar do combate e da prevenção de incêndios na Amazônia.
Os militares que participam das operações de combate ao fogo no Amazonas pertencem ao 54º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército, com sede em Humaitá, município a quase 700 quilômetros de Manaus.
A mobilização militar foi a primeira - e até agora mais efetiva - medida adotada pelo chefe de Estado brasileiro após o alarme mundial gerado pela multiplicação dos incêndios.
"Com as novas equipes reforçando a ação nas áreas afetadas conseguimos uma significativa redução do numero de incêndios nos primeiros dias de setembro", afirmou o diretor do Ipaam, Juliano Valente.
De acordo com os dados do organização, o estado do Amazonas registrou entre 1º e 5 de setembro, 525 incêndios, uma redução do 70% frente ao mesmo período de 2018 (1.776 focos).
Essa redução permitiu que o Amazonas caísse em setembro do terceiro ao quinto lugar na lista dos estados do Brasil com mais incêndios e que nenhum de seus municípios aparecesse na lista dos 10 com mais focos no país.
A redução dos incêndios nos últimos dias foi generalizada em todo o país, ajudada também pela tardia reação do governo. O número de focos de fogo entre 1º de janeiro e 7 de setembro deste ano ficou em 97.972, ainda muito acima do mesmo período de 2018 (68.319) mas não tão superior quanto o mesmo período de 2017 (89.008) ou de 2016 (90.493).
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