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Marrocos e Argélia abrem fronteira excepcionalmente para passagem de corpos

28/09/2019 17h07

Rabat, 28 set (EFE).- A fronteira terrestre entre Marrocos e Argélia, fechada há 25 anos, foi aberta excepcionalmente nesta semana para permitir a passagem de três corpos de migrantes marroquinos que se afogaram em águas argelinas.

O ativista Hassan Ammari, membro da ONG Alarm Phone, que presta socorro aos migrantes no Mediterrâneo, disse à Agência Efe que os três mortos foram entregues na quarta-feira passada por uma ambulância argelina no ponto fronteiriço de Zouj Bghal.

Esses três mortos faziam parte dos 16 ocupantes de uma embarcação que saiu há dez dias da cidade de Nador, no nordeste de Marrocos, rumo ao litoral da Espanha. No entanto, após uma falha no motor, o trajeto foi desviado e os migrantes acabaram em águas argelinas.

Ammari explicou que os soldados da Marinha da Argélia resgataram oito sobreviventes que estavam na embarcação e três corpos sem vida, enquanto outras cinco pessoas continuam desaparecidas.

Após a pressão dos ativistas marroquinos e dos argelinos da Liga Argelina de Direitos Humanos, Ammari ressaltou que as autoridades de ambos os países decidiram abrir a fronteira de forma excepcional por razões humanitárias para entregar os corpos às famílias.

"Reivindicamos a abertura da fronteira entre ambos os países ou pelo menos permitir corredores humanitários para estes casos", afirmou Ammari.

Esta abertura excepcional da fronteira faz parte de outras poucas iniciativas similares anteriores, entre elas a passagem, em 2009, do comboio de ajuda humanitária "linha da vida por Gaza" promovido pelo parlamentar britânico George Galloway, que saiu de Londres e passou pela mesma fronteira entre Marrocos e Argélia para chegar à Palestina.

A fronteira terrestre entre Argélia e Marrocos está fechada desde 1994 por decisão argelina, depois de um atentado terrorista cometido em Marrakech que o governo de Rabat atribuiu indiretamente à Argélia, impondo um visto obrigatório aos argelinos (o que vigorou por muitos anos).

Além disso, em 2015 o governo marroquino construiu um muro de 150 quilômetros de comprimento na fronteira com a Argélia. A justificativa foi a necessidade de combater a imigração ilegal e o contrabando. No ano seguinte, a Argélia replicou a decisão marroquina e também construiu o próprio muro. EFE