Putin e Zelenski retomarão reuniões sobre conflito no leste da Ucrânia
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Vladimir Zelenski, retomarão nesta segunda-feira as negociações para colocar fim ao conflito de Donbass, após três anos de congelamento nas conversa e sob a mediação de Alemanha e França, que sediará em Paris a chamada cúpula do formato de Normandia.
O primeiro encontro entre os líderes dos quatro países aconteceu em junho de 2014, quando a revolta armada se converteu em guerra aberta. O último ocorreu em 2016, em Berlim, depois de muitos desencontros entre os governos de Moscou e Kiev, além de tréguas descumpridas entre o Exército ucraniano e separatistas pró-russos.
Zelenski, que chegou ao poder em maio deste ano, com discurso de colocar fim ao conflito no leste da Ucrânia e, no longo prazo, recuperar os territórios de Donetsk e Lugansk, terá a primeira reunião na condição de presidente com Putin.
"Apenas por ser o primeiro encontro cara a cara entre Putin e Zelenski, a reunião é muito importante. Já é um avanço", afirmou à Agência Efe Ilia Ponomariov, ex-deputado russo, que vive na Ucrânia.
Recentemente, Putin destacou a sinceridade de Zelenski, no desejo de levar paz à Donbass, mas colocou em dúvida a capacidade do presidente ucraniano de alcançar esse objetivo, diante da existência de milícias ultranacionalistas no país.
Em poucos meses, o mandatário da Ucrânia conseguiu entrar em acordo com o chefe de governo da Rússia, para a troca de prisioneiros, que incluiu a libertação de marinheiros detidos pela Guarda Costeira russa, no fim de 2018.
Objetivos
Zelenski já revelou que não se conforma com uma declaração final na cúpula desta segunda-feira, apenas, que será "não vinculante", segundo reconheceu o Kremlin, e que é considerada "não muito ambiciosa", e acordo com o Ministério das Relações Exteriores ucraniano.
Por isso, o presidente da Ucrânia defenderá a definição de prazos mais concretos para o recuo de grupos armados estrangeiros, em alusão clara a soldados e mercenários russos, para a realização de eleições em Donbass e para a retomada da fronteira com a Rússia, que é assunto prioritário para Kiev, mas que encontra resistência em Moscou e entre separatistas.
Por sua vez, Zelenski proporá ao Parlamento que prolongue o status especial de Donbass, que irá expirar no fim deste ano, que é uma das medidas de confiança exigida por Moscou.
Acordos de Minsk
Putin deixou claro que não admite a revisão dos Acordos de Paz de Minsk, em Belarus, assinados em fevereiro de 2015, e que encerraram a guerra em grande escala no leste da Ucrânia.
Kiev defende a descentralização e que não haja qualquer autogoverno regional, enquanto Moscou insiste que as regiões controladas por separatistas devam receber mais autonomia.
A Rússia insiste que tanto Kiev, como os separatistas, devem se retirar das linhas fronteiriças, e também defende o fim do bloqueio económico contra as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.
Macron e o conflito
A iniciativa de reacender o diálogo partiu do presidente da França, Emmanuel Macron, que vem defendendo a aproximação de Rússia e Ucrânia. Fontes do governo do país que sediará o encontro, a presença de Putin em Paris é um claro sinal do desejo de avanço.
"O problema principal segue sendo o da confiança que é preciso criar para podermos avançar até o objetivo do restabelecimento da soberania ucraniana", relatou à Agência Efe uma fonte diplomática.
Macron e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, querem ver a implementação plena dos Acordos de Minsk e a aprovação de uma nova lei sobre o status especial de Donbass, mas cobram que o presidente da Rússia também cumpra as promessas, no caso, o recuo de tropas.
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