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Irã crê que EUA aceitarão troca de presos devido a coronavírus

10/05/2020 17h50

Teerã, 10 mai (EFE).- O governo do Irã declarou neste domingo que vê os Estados Unidos mais inclinados a realizar uma troca de prisioneiros em meio à pandemia do novo coronavírus, coincidindo com rumores sobre a possível libertação de dois detidos de ambos os países.

"Esperamos que, nesta situação em que a doença Covid-19 está ameaçando a vida dos cidadãos iranianos nas prisões americanas, o governo dos EUA finalmente opte por cuidar da vida dos seres humanos e não da política", disse o porta-voz do governo, Ali Rabiei.

Em vídeo postado no site oficial do Poder Executivo, o porta-voz lembrou que o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Yavad Zarif, revelou há muito tempo que seu país está preparado para realizar uma troca de presos.

"Nós, sem nenhuma condição prévia, anunciamos que há preparação para a troca de todos os prisioneiros e diálogo sobre tal libertação, mas os EUA até agora se abstiveram de responder", declarou Rabiei.

SEM RESPOSTA DOS EUA ATÉ AGORA.

Embora não tenha havido resposta, o porta-voz destacou que, na opinião do Irã, os EUA estão agora mais dispostos do que em outros tempos a acabar com essa situação.

Rabiei acrescentou que para efetuar o intercâmbio não há necessidade de um mediador, apesar de ambos os países não manterem relações diplomáticas desde 1979 e seus interesses serem representados pela Suíça e pelo Paquistão.

Segundo o porta-voz, o escritório que representa os interesses iranianos em Washington pode transmitir ordens sobre a forma e data da troca. Ele ainda ressaltou que Teerã responsabiliza os EUA pela vida e saúde dos iranianos presos e denunciou que eles não estão recebendo os cuidados adequados.

DOIS POSSÍVEIS CANDIDATOS.

O porta-voz mencionou como possível alvo da troca o professor iraniano Sirous Asgari, que está preso nos EUA apesar de ter sido absolvido em novembro passado de roubar segredos comerciais em violação às sanções contra o Irã.

Asgari foi infectado pelo coronavírus, mas espera-se que assim que se recuperar da doença as autoridades americanas o deportarão para o Irã.

O professor poderia ser trocado por Michael White, um veterano da Marinha dos EUA detido no Irã desde 2018 por espionagem. Ele obteve uma licença de prisão em março por razões de saúde, mas permanece no Irã, cujas autoridades deram liberdade temporária a mais de 100 mil prisioneiros devido à disseminação do vírus SARS-CoV-2.

A troca não seria a primeira, apesar da alta tensão bilateral. Em 7 de dezembro, o os países libertaram o pesquisador americano Xiyue Wang, preso em 2016 e condenado por espionagem, e o cientista iraniano Masud Soleiman, detido em 2018 por tentativa de exportação de material biológico para o Irã.