Fernández tenta explicar frase polêmica sobre brasileiros e pede desculpas
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, comentou sobre a polêmica frase dita ontem, sobre a origem de mexicanos, brasileiros e argentinos, que teve forte repercussão, com reação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de autoridades mexicanas.
"Litto Nebbia sintetiza o real significado de minhas palavras melhor do que eu", escreveu o presidente argentino no Twitter, referindo-se ao músico argentino autor da música que contém trechos da frase que disse ontem.
Nessa mensagem, Fernández utilizou outro fragmento da mesma música: "Queria que fosse uma frase (Zamba) que falasse de nós. E desta terra que amamos (América Latina). E é uma mistura de todos".
A origem da polêmica remonta à manhã de quarta-feira, quando Fernández se referiu em um discurso às ondas de imigrantes europeus que chegaram à Argentina no passado e que constituíram grande parte da identidade social do país.
"Octavio Paz escreveu uma vez que os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros vieram da selva, mas nós, os argentinos, chegamos dos barcos", declarou Fernández.
Essas palavras não demoraram a gerar fortes críticas nas redes, onde muitos usuários alertaram que o presidente argentino errou ao atribuir ao Prêmio Nobel mexicano palavras que mais se aproximam da canção de Nebbia, de quem Fernández se considera um fã e amigo.
Na canção "Llegamos de los barcos", lançada na década de 1980, Nebbia canta: "Os brasileiros saem da selva, os mexicanos vêm dos índios, mas nós, os argentinos, chegamos dos barcos".
Já o que Paz escreveu é o seguinte: "Os mexicanos descendem dos astecas, os peruanos dos incas e os argentinos dos barcos".
"Eu não queria ofender ninguém, em qualquer caso, a quem se sentiu ofendido ou invisibilizado, desde já minhas desculpas", escreveu Fernández na própria quarta-feira à tarde.
Reação no Brasil
Apesar das desculpas, o conteúdo da frase pronunciada por Fernández não deixou de ter reações no Brasil de Bolsonaro, que mantém fortes divergências ideológicas com o argentino, e no México, com cujo presidente, Andrés Manuel López Obrador, mantém uma boa relação.
O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, destacou no Twitter que "o barco que está afundando é o da Argentina", e questionou se a frase não seria racista contra os indígenas e africanos que formaram o Brasil.
Quase quatro horas depois, seu pai publicou uma foto na qual é visto cercado por um grande grupo de indígenas, acompanhado da palavra "Selva" e de uma bandeira brasileira.
Já hoje, Bolsonaro abordou a questão mais diretamente com um pequeno grupo de apoiadores: "O presidente da Argentina disse que eles vieram da Europa e nós viemos da selva", lembrou.
Depois de dizer que nem para Fernández nem para o venezuelano Nicolás Maduro existem vacinas, revelou que trocou mensagens hoje com o ex-presidente argentino Mauricio Macri, cuja frustrada tentativa de reeleição apoiou direta e pessoalmente em 2019.
"Não tem nenhum problema entre nós nem com o povo argentino. Rivalidade com a Argentina é só no futebol", amenizou Bolsonaro em seguida.
Reação no México
No México, o subsecretário para América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Maximiliano Reyes Zúñiga, considerou "infelizes" as declarações do presidente argentino e disse que elas "tornam invisível a diversidade étnica da América Latina", mas aceitou as desculpas.
"Valorizamos as desculpas que ele ofereceu posteriormente e reiteramos nosso orgulho por nossas raízes indígenas. Argentinos e mexicanos são latino-americanos", ressaltou Reyes Zúñiga.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.