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África pode chegar a 70% da população vacinada contra covid só em 2024, diz OMS

Enfermeira prepara vacina contra covid-19 na África do Sul, onde foi identificada a variante ômicron - REUTERS/Siphiwe Sibeko
Enfermeira prepara vacina contra covid-19 na África do Sul, onde foi identificada a variante ômicron Imagem: REUTERS/Siphiwe Sibeko

14/12/2021 15h25

Se o ritmo de vacinação não aumentar na África até 2022, o continente não poderá atingir 70% de sua população vacinada até agosto de 2024, alertou nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Em um mundo onde a África tinha as doses e o suporte para vacinar 70% de sua população até o final de 2021, um nível que muitos países ricos alcançaram, provavelmente veríamos dezenas de milhares de mortes a menos por covid-19 a cada ano", disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.

Até agora, 20 dos 54 Estados soberanos do continente vacinaram pelo menos 10% de sua população, enquanto apenas seis - Cabo Verde, Maurício, Botsuana, Marrocos, Seychelles e Tunísia - alcançaram 40% de cobertura e dois deles — Maurício e Seychelles — 70%.

"À medida que os suprimentos começam a aumentar, devemos intensificar nosso foco em outras barreiras à vacinação, incluindo a falta de fundos, equipamentos, profissionais de saúde e capacidade da cadeia de frio, bem como abordar a relutância em vacinar", afirmou.

O continente recebeu, até o momento, 350 milhões de doses através do mecanismo Covax — promovido pela OMS e outras organizações para garantir o acesso global e equitativo à vacina —, das quais cerca de 80% chegaram nos últimos quatro meses, de acordo com a agência da ONU.

Apesar deste aumento na entrega das doses, a falta de "previsibilidade" era um problema para alguns países, uma vez que as autoridades descobriram muitas vezes o número total de doses a ser recebido e do prazo de validade poucos dias antes da chegada das doses.

Para evitar desperdícios, o Covax já modificou seu funcionamento: enquanto inicialmente tentava fornecer a cada país as doses necessárias para vacinar 20% de sua população, agora oferece aos Estados a possibilidade não só de especificar qual vacina preferem, mas também quantas doses têm a capacidade de usar, de acordo com a OMS.

Por outro lado, o continente começa a perder destaque no que diz respeito à presença da variante ômicron, caracterizada por um elevado número de mutações e identificada por cientistas sul-africanos no dia 25 de novembro.

De acordo com a OMS, dos mais de 2,7 mil casos da nova variante detectados globalmente em 59 países, cerca de 33% foram identificados em 11 nações africanas, uma porcentagem que está diminuindo "de forma constante".