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Putin reconhece independência de separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk

21/02/2022 22h21

Moscou, 21 fev (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta segunda-feira a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.

Em uma cerimônia no Kremlin, Putin assinou o decreto com o reconhecimento após um longo discurso televisionado à nação.

"Considero necessário tomar uma decisão que há muito caía por seu próprio peso: reconhecer imediatamente a independência e a soberania da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk", afirmou o presidente russo no final de seu discurso.

O chefe do Kremlin então assinou tratados de amizade e assistência mútua com os líderes separatistas de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pasechnik.

"Parabéns", disse Putin a Pushilin e Pasechnik no final da cerimônia.

O presidente russo também pediu à Assembleia Federal Russa que apoiasse sua decisão e depois ratificasse esses tratados com ambas as repúblicas.

Putin tomou esta decisão depois de receber um pedido a este respeito de ambos os líderes separatistas pró-Rússia na segunda-feira e depois que a Duma (Câmara baixa russa) lhe enviou uma resolução pedindo-lhe que reconhecesse a independência de Donetsk e Lugansk.

O presidente russo destacou em seu discurso de hoje que a situação em Donbass - onde separatistas pró-Rússia estão em confronto desde 2014 com o exército ucraniano em um conflito que custou a vida de cerca de 14.000 pessoas - é "crítica, grave".

"Enfatizo mais uma vez que a Ucrânia para nós não é apenas um país vizinho. É parte integrante de nossa própria história, cultura e espaço espiritual. São nossos camaradas, entre os quais não apenas colegas, amigos, ex-colegas, mas também parentes, pessoas ligadas a nós por laços de sangue, familiares", ressaltou.

Diante da provável escalada da tensão militar no leste da Ucrânia nos próximos dias, Putin exigiu que "aqueles que usurparam o poder e detêm o poder em Kiev acabem imediatamente com as ações militares".

"Caso contrário, toda a responsabilidade pela possível continuação do derramamento de sangue recairá diretamente sobre a consciência do regime que governa o território da Ucrânia", declarou.

O chefe do Kremlin também assegurou que a Rússia tomará medidas para garantir sua segurança diante da recusa dos Estados Unidos e da Otan em abordar suas preocupações de segurança e impedir a Ucrânia de fazer parte da Aliança Atlântica no futuro.

"Basta olhar no mapa para ver como os países ocidentais cumpriram sua promessa de não permitir que a Otan se expandisse para o leste. "Nós simplesmente fomos enganados. Uma após a outra, houve cinco ondas de ampliação da Otan",criticou.

"Como consequência, a Aliança e sua infraestrutura militar se aproximaram diretamente das fronteiras russas. Isso se tornou um dos principais motivos da crise de segurança europeia, repercutiu da forma mais negativa em todo o sistema de assuntos internacionais e fez com que se perdesse a confiança mútua", reiterou Putin.

"Se a Ucrânia entrar na Otan, as ameaças militares à Rússia aumentarão várias vezes. E o perigo de um ataque surpresa contra nosso país aumentará várias vezes", completou. EFE