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Boric anuncia fim do copagamento no sistema de saúde pública do Chile

27/07/2022 20h57

Santiago, 27 jul (EFE).- O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou nesta quarta-feira o fim do copagamento a partir de setembro para os mais de 15 milhões de chilenos que recebem atendimento no sistema público de saúde, independentemente do nível de renda.

A gratuidade já era uma realidade para os 10 milhões de usuários do sistema de menor renda, pertencentes às seções A e B, mas até agora os usuários de maior renda (seções C e D) tinham cobertura estatal de entre 80% e 90% para atendimento sanitário.

"As seções C e D arcam com um copagamento (...) isso nos parece injusto porque a saúde tem que ser um direito que não esteja condicionado pelo tamanho da carteira das famílias", disse o presidente chileno.

A medida anunciada nesta quarta-feira e conhecida como "Copagamento Zero" significará uma economia anual de 265.000 pesos (cerca de R$ 1.510) para 5,3 milhões de pessoas, das quais 54% são homens e 46% mulheres com menos de 60 anos.

"O eixo do nosso governo é que a saúde seja um direito digno e nunca um negócio", acrescentou Boric.

Por sua vez, a ministra da Saúde, Begoña Yarza, assegurou que este é o anúncio relacionado ao Fonasa (Fundo Nacional de Saúde) "mais importante dos últimos 16 anos", e que a última medida "de magnitude semelhante" foi em 2006, quando a ex-presidente Michelle Bachelet determinou o atendimento gratuito a idosos em hospitais públicos.

O chamado "Copagamento Zero" representa uma despesa fiscal de aproximadamente 21 bilhões de pesos por ano (cerca de R$ 120 milhões), segundo informações oficiais.

No Chile não existe um sistema público de saúde universal e cada pessoa deve optar por contribuir com 7% de seu salário para a rede pública, que é gerida pelo Fonasa, ou para a rede privada, contratando os serviços de uma das nove Instituições de Seguro Social (Isapre) que existem.

Quase 80% dos chilenos recebem atendimento no Fonasa, enquanto 18% o fazem no Isapre. Os restantes são beneficiários dos sistemas de saúde das Forças Armadas ou das diferentes forças policiais.

No entanto, do valor total citado, dois terços vão para o Isapre e apenas um terço para o Fonasa, de acordo com o Colégio Médico (Colmed).

Os usuários do Fonasa também podem ser atendidos no sistema privado, mas esse tipo de atendimento continuará sendo prestado e não está contemplado na medida anunciada nesta quarta-feira.

Uma das promessas da campanha de Boric é melhorar a saúde pública e criar um sistema de saúde universal, com um fundo comum formado pelas contribuições de todos os chilenos. EFE