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Em meio a crise, primeiro-ministro do Iraque convoca "diálogo nacional"

16/08/2022 21h47

Bagdá, 16 ago (EFE).- O primeiro-ministro interino do Iraque, Mustafa al Kadhimi, convocou nesta terça-feira todas as forças políticas do país para um "diálogo nacional", que será realizado amanhã com o objetivo de solucionar a paralisia institucional que assola o país há 10 meses, bem como a tensão entre os diferentes partidos.

Em comunicado, Al Kadhimi convocou as partes a realizarem uma reunião na quarta-feira no Palácio Presidencial em Bagdá para "encontrar soluções" para a crise atual e "acalmar a escalada" de tensão entre as duas principais forças xiitas no Iraque, que convocaram várias manifestações de massa nas últimas semanas.

O primeiro-ministro interino fez assim uma referência velada às diferentes mobilizações que recentemente abalaram o país, como o acampamento no Parlamento dos seguidores do clérigo xiita Muqtada al Sadr, e as marchas no centro de Bagdá realizadas por apoiadores da aliança de partidos pró-iranianos Marco de Coordenação.

Por isso, instou "todas as partes a travar a escalada nas ruas e nos meios de comunicação, para dar espaço suficiente a propostas moderadas, que devem ser discutidas no diálogo nacional".

Precisamente hoje, Al Sadr anunciou a suspensão de uma manifestação em massa que havia convocado para sábado, descrita por seus porta-vozes como "a maior da história do Iraque", pois pretendia concentrar todos os seus seguidores espalhados pelo país em Bagdá.

"Se você está apostando em uma guerra civil, eu estou apostando na preservação da segurança civil, porque o sangue iraquiano é caro, mais caro do que qualquer outra coisa", disse o clérigo em um comunicado dirigido ao seu rival, o Marco de Coordenação, que também organizou marchas para rivalizar com as de Al Sadr.

As forças políticas do Iraque não conseguiram nomear um novo presidente e formar um governo desde as eleições de outubro do ano passado, em parte devido ao bloqueio do Marco de Coordenação às propostas de Al Sadr, que saiu vitorioso nas eleições com 73 dos 329 assentos no Legislativo.

O clérigo retirou seus deputados da Câmara devido ao boicote, mas continuou pressionando nas ruas, o que levou ao ataque ao Parlamento no último dia 30 de julho e intensificou a crise política e social no Iraque. EFE