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EUA dizem que terão de negociar com Assad sobre Síria

Kerry (esq), em encontro com o líder egípcio, Abdel al-Sisi - State Department Photo/ Public Domain
Kerry (esq), em encontro com o líder egípcio, Abdel al-Sisi Imagem: State Department Photo/ Public Domain

Em Sharm el-Sheikh (Egito)

15/03/2015 10h52

Os Estados Unidos terão de negociar com o ditador sírio, Bashar al-Assad, para uma transição política na Síria e estão explorando caminhos para pressioná-lo a concordar com o diálogo, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em entrevista à rede de TV CBS.

Washington tem há muito insistido que Assad deve ser substituído via uma transição política negociada, mas o fortalecimento de um inimigo comum, o grupo militante Estado Islâmico, parece ter suavizado a posição do Ocidente em relação a Assad.

Em entrevista transmitida neste domingo, Kerry não repetiu o discurso padrão dos EUA de que Assad perdeu legitimidade e deve deixar o poder.

A guerra civil na Síria está agora no seu quinto ano, com centenas de milhares mortos e milhões de sírios que tiveram de deixar as suas casas.

"Temos de negociar no fim", afirmou Kerry. "Sempre estivemos dispostos a negociar no contexto do processo de Genebra", acrescentou, se referindo a conferência de 2012 que fez um chamado por uma transição negociada para terminar com o conflito.

Kerry declarou que os EUA e outros países, que ele não mencionou por nome, estavam explorando caminhos para retomar o processo diplomático para terminar com o conflito na Síria.

"Estamos trabalhando para fazer com que ele (Assad) venha e faça isso, o que pode exigir mais pressão sobre ele, de vários tipos, para alcançar isso", disse o secretário de Estado.

"Estamos deixando muito claro para as pessoas que nós estamos examinando passos que podem ajudar a resultar nessa pressão", acrescentou.

Os EUA lideraram os esforços para as negociações de paz, apoiada pelas Nações Unidas, em Genebra no ano passado entre a oposição síria referendada pelo Ocidente e representantes do governo.

O diálogo fracassou depois de duas rodadas de conversas, e outras negociações não foram agendadas.

A Rússia reuniu figuras da oposição e do governo em janeiro para um diálogo sobre a crise, mas as conversas não tiveram maiores progressos, e a principal coalizão de oposição boicotou a iniciativa.

"Para fazer o regime de Assad negociar, nós teremos que deixar claro para ele que há uma determinação de todos para buscar essa solução política, e mudar os seus cálculos sobre negociações", disse Kerry.