Programa antidoping na Rio 2016 teve "falhas sérias", diz agência mundial
(Reuters) - O programa antidoping nos Jogos Olímpicos Rio 2016 incluiu "alguns avanços impressionantes", mas também foi marcado por "uma série de falhas graves", de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Agência Mundial Antidoping (Wada).
Em um relatório de 55 páginas feito pela equipe Observador Independente, a Wada disse que vários atletas destinados a fazer testes no Rio "simplesmente não puderam ser encontrados", enquanto houve "pouco ou nenhum teste de sangue durante a competição em muitos esportes de alto risco".
Muitos dos problemas foram resultado de questões de pessoal, limitações de recursos e outras dificuldades logísticas, e houve também "um aparente colapso na transferência de conhecimento de Jogos anteriores", segundo a Wada.
"Em última análise, muitos atletas alvo de testes na Vila dos Atletas simplesmente não puderam ser encontrados e a missão teve de ser abortada", escreveu a equipe Observador Independente. "Em alguns dias, até 50 por cento de testes planejados foram abortados."
"Alguns dos atletas em questão, então, receberam ordens para realizar testes fora de competição no dia seguinte, ou foram alvo de testes durante a competição nos dias seguintes, mas devido aos problemas logísticos ... foram frequentes os casos em que esses testes não puderam ser feitos."
A equipe também expressou surpresa de que não havia testes fora de competição no futebol, e pouco ou nenhum teste de sangue durante a competição em muitos esportes de alto risco, incluindo levantamento de peso.
Outras preocupações foram citadas sobre apoio inadequado para formação de funcionários para notificar os atletas de testes de drogas, com muitos deles não conseguindo chegar na hora designada.
"Funcionários sem formação e sem experiência não devem trabalhar nos Jogos", disse a Wada em uma de suas muitas recomendações.
"Isso mina o respeito e a confiança entre os atletas no programa antidoping, e oferece oportunidades para atletas experientes e sem escrúpulos que queiram violar o sistema para manipular o processo de controle de doping."
No geral, porém, o chefe da equipe Observador Independente, Jonathan Taylor, disse que o programa antidoping no Rio, que foi implementado e supervisionado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), foi capaz de alcançar vários resultados positivos diante de circunstâncias muito difíceis.
"Apesar de questões de pessoal, limitações de recursos e de outras dificuldades logísticas, aqueles encarregados da execução do programa, e em particular os voluntários, merecem imenso crédito por garantir que os direitos de atletas limpos fossem assegurados", afirmou Taylor em um comunicado.
(Reportagem de Mark Lamport-Stokes em Los Angeles)
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