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Polícia faz operação em campo de imigrantes de Paris após desmonte da "Selva" em Calais

31/10/2016 10h44

Por Johnny Cotton e Emmanuel Jarry

PARIS (Reuters) - Um batalhão de choque da polícia francesa invadiu um campo ilegal de imigrantes no nordeste de Paris pouco depois do amanhecer desta segunda-feira, causando um impasse de curta duração em um local no qual o número de pessoas disparou desde o fechamento do campo conhecido como "Selva" em Calais, cidade portuária do norte da França.

A operação policial, que consistiu principalmente da verificação das identidades de alguns dos cerca de 2.500 imigrantes dormindo ao relento nos arredores de um canal e uma ponte de trem perto de uma estação de metrô, coincidiu com o aumento da pressão para que o governo esvazie e feche o campo.

A tensão aumentou juntamente com a especulação de que a polícia irá fechar definitivamente o campo nos próximos dias, como as autoridades de Paris estão exigindo.

Um jornalista da Reuters no local disse que uma escavadora entrou para limpar uma parte pequena do campo, que é formado por barracas, colchões, cobertores e os poucos pertences de imigrantes em grande parte oriundos de países assolados por guerras, como o Afeganistão.

Os imigrantes gritaram com os policiais do batalhão de choque enquanto a escavadora retirava escombros e lixo de uma pequena seção do campo, que de resto ficou intacto. Um policial usou gás lacrimogêneo contra um imigrante.

A polícia permitiu que os imigrantes voltassem após algumas horas e uma faxina realizada por funcionários municipais.

Em uma carta enviada ao ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, uma cópia da qual foi obtida pela Reuters, a prefeita parisiense, Anne Hidalgo, solicitou que o campo seja fechado rapidamente por motivos humanitários e sanitários.

Autoridades da prefeitura dizem que o número de pessoas morando e dormindo precariamente na área aumentou em cerca de um terço desde o esvaziamento, na semana passada, da "Selva" de Calais, onde mais de 6 mil pessoas viviam, a maioria na esperança de cruzar o Canal da Mancha e chegar ao Reio Unido.

O vasto terreno de vegetação rasteira se tornou um símbolo dos esforços penosos da Europa para lidar com um influxo recorde de refugiados de zonas de guerra como Sudão e Afeganistão.