Em meio à guerra civil, mãe reencontra os filhos após 3 anos de buscas no Sudão do Sul
No caos da guerra civil do Sudão do Sul, levou três anos para Nyagonga Machul encontrar seus filhos perdidos.
Machul, 38, tinha viajado de sua vila à capital quando o presidente Salva Kiir, da etinia Dinka, despediu seu vice, Riek Machar, um Nuer, em 2013. A demissão provocou uma guerra civil na nação mais nova do mundo, que vê aumentar os conflitos por conta das etnias.
Machul se viu separada do filho Nhial, hoje com 14 anos e protetor da família; de Ruai, 10, e Machiey, 8, irmãos que amam jogos de tabuleiro e natação; Nyameer, 6, com seu sorriso tímido; e Nyawan, hoje com 4 anos, mas então o bebê muito amado.
Durante anos, Machul rezou por notícias. Em dezembro, ela ouviu que seus filhos estavam vivos - mas muito longe, em Bentiu, no norte do país. Mais de 1.000 quilômetros de campos de batalha se estendiam entre eles.
Machul havia deixado as crianças com a avó, mas uma noite homens armados atacaram a sua aldeia.
"Eu estava dormindo na cama. De repente, ouvi o som de tiros, depois as pessoas gritando, gritando", disse Nhial.
Em pânico, as crianças correram e se esconderam perto do rio Nilo. De volta à aldeia, eles se encontraram, mas não a avó. Então decidiram fugir.
Caminharam pelos pântanos, com a água do peito e por locais infestados de cobras e crocodilos. Pediam comida para famílias que não tinham muito para oferecer.
Então um ex-vizinho, Nyabika Temdor, os encontrou e os levou para ficar em uma pequena ilha no Nilo. Mas outro ataque fez com que fugissem novamente. "Eu tive que pagar alguém para carregar os menores, porque eles não podiam andar", disse
Depois de quatro dias, eles chegaram a um acampamento para famílias deslocadas em Bentiu. O assentamento para 120 mil pessoas é cercado por arame farpado e torres de vigia.
Foi lá que a CINA os encontrou. Uma organização local apoiada pela Unicef, seus funcionários procuram e mapeiam famílias separadas. A organização insere os nomes de crianças perdidas em um banco de dados, apoiado pela Unicef, com cerca de 15 mil nomes.
Ter um parente aumenta imensamente as chances de sobrevivência de uma criança, afirmou Marianna Zaichykova, porta-voz da Unicef. Mas o programa está cronicamente sofrendo com a falta de recursos.
No ano passado, as reunificações caíram 50% porque não havia dinheiro suficiente para rastrear as famílias, segundo Zaichykova.
Machul teve sorte. A Unicef providenciou que as crianças voassem para Juba esta semana. A mãe esperava por eles, numa tenda feita de varas e plástico que se parecia exatamente com a que deixaram em Bentiu.
Ela marcou os rostos de seus filhos com gotas de água, em uma bênção tradicional. Seus amigos começaram a cantar. E então ela abriu os braços para seus filhos.
"Deus respondeu às minhas orações", disse. "Eu estou tão feliz."
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