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Soldado israelense que matou agressor palestino ferido é condenado a 18 meses de prisão

21/02/2017 10h57

Por Rami Amichay

TEL AVIV (Reuters) - Um jovem soldado israelense condenado por matar um agressor palestino que estava ferido no chão foi sentenciado a 18 meses de prisão nesta terça-feira, tempo muito menor do que os procuradores pediram, em um dos casos que mais dividiram Israel em toda sua história.

A decisão de submeter o sargento Elor Azaria, que baleou o palestino depois de este ter esfaqueado outro soldado na Cisjordânia em março passado, à Corte Marcial causou polêmica em Israel desde o início, e pesquisas de opinião mostraram grande apoio ao médico do Exército.

No mês passado um tribunal militar condenou Azaria por assassinato, crime que acarreta uma pena máxima de 20 anos de reclusão.

Na iminência do 50º aniversário da captura israelense da Cisjordânia, o julgamento levou muitos a questionarem se os militares estão desconectados com um público que vem se inclinado para a direita em relação aos palestinos.

A procuradoria pediu que Azaria fosse condenado a passar entre três e cinco anos atrás das grades, muito abaixo da pena máxima, observando que ele alvejou um palestino que havia realizado um ataque poucos minutos antes.

Aprovando uma sentença de um ano e meio que comentaristas da mídia descreveram como leniente, a corte disse que Azaria não expressou arrependimento pelo crime, mas levou em conta que seu histórico no Exército foi impecável até o incidente e que sua prisão causou profunda perturbação em sua família.

Os palestinos haviam pedido prisão perpétua, mas houve poucos indícios de que a pena irá provocar qualquer surto significativo de violência. Há tempos eles vêm acusando Israel de usar força excessiva contra agressores portando armas leves e têm pouca esperança de que soldados sejam responsabilizados.

Onze meses atrás, Azaria, então com 19 anos, servia na cidade de Hebron quando dois palestinos realizaram o esfaqueamento. Hebron é um local de conflitos frequentes, e o incidente ocorreu durante uma onda de ataques de rua de palestinos contra israelenses.

Um dos agressores foi morto a tiros por soldados, o outro foi baleado e ferido. Onze minutos depois, quando o agressor ferido, Abd Elfatah Ashareef, de 21 anos, estava no chão incapacitado, Azaria o matou com um tiro de rifle de assalto na cabeça.

No julgamento, Azaria afirmou ter acreditado que o palestino, embora imóvel, ainda representava um perigo porque sua faca estava próxima e ele poderia estar carregando explosivos. "Ele merece morrer", disse Azaria a outro soldado depois de disparar, segundo uma citação presente no veredicto.