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Natura buscará reajustes menores de preços para recuperar mercado, diz CEO

23/02/2017 12h49

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - Reajustes de preços mais modestos fazem parte da estratégia da Natura para recuperar participação de mercado em 2017, afirmaram executivos da fabricante de cosméticos nesta quinta-feira, durante teleconferência com analistas sobre o resultado do quarto trimestre de 2016.

"Recuperar nossa penetração em lares e participação de mercado é uma de nossas prioridades. Se a concorrência escorregar, esperamos estar preparados para aproveitar oportunidades adicionais", afirmou o presidente-executivo da companhia, João Paulo Ferreira.

De acordo com o executivo, a Natura vem investindo na qualificação das consultoras, a fim de melhorar a produtividade das operações e fortalecer a marca, mas não tem planos de expandir a base de representantes no curto prazo.

"A qualificação das nossas consultoras torna a base mais sábia e menos vulnerável à inadimplência", reforçou o vice-presidente de finanças e Relações com Investidores, José Roberto Lettiere.

Os executivos destacaram também que a empresa não pretende aumentar o nível de despesas com vendas em 2017 e tende a ser mais seletiva em investimentos promocionais, colocando o segmento de perfumaria entre as prioridades no começo do ano.

Em relação ao investimento de 350 milhões de reais previsto para este ano, Lettiere afirmou que o montante é condizente com as necessidades de aceleração de crescimento da empresa. Ainda segundo ele, a alta do índice de endividamento da companhia - de 1,13 vez ao fim de 2015 para 1,4 vez no término de 2016 - não é motivo de preocupação.

Conforme a vice-presidente de marketing da Natura, Andrea Figueiredo Teixeira Álvares, o resultado do quarto trimestre já mostrou "clara tendência de recuperação" na participação de mercado. "Tivemos erosão de market share no acumulado de 2016, mas os lançamentos trouxeram os resultados esperados no último trimestre e começamos a ver retomada de preços médios", disse.

A Natura apurou lucro líquido consolidado de 201,8 milhões de reais no quarto trimestre, 38,8 por cento maior ante igual período de 2015, enquanto a receita caiu 1,6 por cento na mesma base, para 2,29 bilhões de reais.

Em comentário a clientes divulgado após a teleconferência, analistas do Credit Suisse disseram sentir falta de detalhes sobre os esforços da Natura para melhorar o canal direto de vendas e que o desempenho da empresa têm sido muito inconsistente nos últimos tempos.

"Ainda precisamos aumentar nossa convicção de que a maré mudou", escreveu a equipe liderada por Tobias Stingelin. O Credit Suisse tem recomendação "underperform" para os papéis da Natura, com preço-alvo de 26 reais.

Por volta das 12:45, os papéis cediam 3,25 por cento, a 25,89 reais na bolsa paulista, entre as maiores quedas do Ibovespa, que oscilava ao redor da estabilidade, com variação positiva de 0,07 por cento.

(Por Gabriela Mello, com reportagem adicional de Paula Arend Laier)