Papa pede mediação para por fim à crise da Coreia do Norte e evitar uma guerra devastadora
(Reuters) - O papa Francisco disse neste sábado que um terceiro país deveria tentar mediar a situação entre a Coreia do Norte e Estados Unidos, e que a situação se tornou "muito quente" e o mundo corre o risco de uma guerra devastadora.
O papa disse acreditar que "uma boa parte da humanidade" seria destruída em qualquer guerra generalizada.
Falando a jornalistas a bordo do avião que o leva de volta do Cairo para o Vaticano, o papa disse estar pronto para encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump, quando o mandatário norte-americano estiver na Europa no próximo mês. Ele, contudo, disse não estar ciente de que Washington tenha solicitado um encontro.
Em resposta a uma pergunta sobre as tensões entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, Francisco disse que a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria reafirmar a sua liderança na diplomacia mundial, porque se tornou "muito aguada".
"Eu chamo, e conclamo, todos os líderes, como já pedi a líderes de vários lugares, a trabalhar para encontrar uma solução para os problemas através do caminho da diplomacia", disse ele sobre a crise da Coreia do Norte.
O papa falou após a Coreia do Norte testar um míssil balístico neste sábado (horário local), pouco depois de o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, advertir que o fracasso em conter o programa nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang poderia levar a "conseqüências catastróficas".
"Há tantos facilitadores no mundo, existem mediadores que se oferecem, como a Noruega, por exemplo," disse ele na conversa que tem habitualmente com a imprensa ao fim de cada viagem.
"(Noruega) está sempre pronta para ajudar. É apenas um (país) mas há outros. Mas o caminho é o caminho da negociação, de uma solução diplomática", disse durante a conversa que durou cerca de 30 minutos.
A Noruega negociou secretamente um acordo entre Israel e os palestinos no início de 1990.
O papa expressou sua profunda preocupação com a crise norte-coreana. "Esta questão dos mísseis na Coreia (do Norte) está esquentando há mais de um ano, mas agora a situação parece que tornou-se demasiadamente quente."
"Nós estamos falando sobre o futuro da humanidade. Hoje, uma guerra generalizada destruiria --eu não diria que metade da humanidade - mas uma boa parte da humanidade e da cultura, tudo, tudo."
"Seria terrível. Eu não acredito que a humanidade seja hoje capaz de resistir a isso", acrescentou o pontífice.
Trump visitará a Sicília nos dias 26 e 27 maio para uma reunião dos chefes das nações mais ricas do mundo (G7). A Casa Branca ainda não disse se ele vai parar em Roma para encontrar o papa, o que seria uma omissão incomum para um chefe de Estado.
Perguntado se encontraria com Trump, o papa disse que ainda não tinha informações sobre um pedido de audiência de Washington, "Recebo todos os chefes de Estado que pedem uma audiência".
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