Líder da Catalunha descarta eleição antecipada e crise se aprofunda
Por Julien Toyer e Sam Edwards
MADRI/BARCELONA (Reuters) - O líder catalão, Carles Puigdemont, descartou nesta quinta-feira realizar uma eleição regional antecipada para quebrar o impasse entre o governo central e separatistas que buscam uma ruptura com a Espanha, aprofundando a crise política.
Esperava-se que Puigdemont anunciasse uma eleição para evitar ações de Madri no sentido de assumir controle direto da autônoma Catalunha nos próximos dias.
Mas, falando no pátio da sede do governo regional, em Barcelona, Puigdemont disse não ter recebido garantias suficientes do governo central de que realizar uma eleição iria evitar a imposição de controle direto.
“Eu estava pronto para convocar uma eleição caso garantias fossem dadas. Não há garantias que justifiquem convocar uma eleição hoje”, disse Puigdemont.
Ele afirmou que agora cabe ao Parlamento catalão seguir em frente com um mandato para separação da Espanha após um referendo por independência realizado em 1º de outubro – um evento que Madri declarou ilegal e tentou impedir.
Alguns partidários da independência estão pressionando-o para declarar unilateralmente a independência.
A posição de Puidgemont abre caminho para o Senado espanhol aprovar a tomada de controle das instituições e polícia da Catalunha, e dá ao governo o poder de remover o presidente catalão.
Mas isto também pode levar a confrontos nas ruas, já que alguns apoiadores da independência prometeram iniciar uma campanha de desobediência civil.
A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, falando em comitê do Senado, disse: “Os líderes da independência mostraram suas verdadeiras faces, eles prometeram um sonho mas estão realizando manobras”.
O objetivo do Artigo 155 – o aparato constitucional permitindo controle direto – é permitir que qualquer eleição seja realizada em uma situação normal e neutra, disse ela.
O governo espanhol disse que convocaria eleição no prazo de seis meses após assumir a Catalunha.
A crise política, a mais grave desde o retorno da Espanha à democracia, quatro décadas atrás, dividiu a própria Catalunha e causou profunda indignação em outras partes do país.
A crise também desencadeou a saída de empresas da rica região e preocupou outros líderes europeus, que veem como um propagador de sentimento separatista para outras partes do continente.
Não ficou claro se o primeiro-ministro Mariano Rajoy irá imediatamente colocar em vigor o comando direto ou simplesmente buscar autorização do Senado para fazê-lo, sem torná-lo efetivo na prática.
A maneira exata de como o governo central irá colocar em vigor em termos práticos, e como funcionários públicos e a polícia regional da Catalunha irão reagir, também é incerta.
A polícia nacional usou táticas pesadas para tentar evitar a realização do referendo de 1º de outubro.
(Reportagem adicional de Paul Day e Angus Berwick, em Madri)
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