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Venezuela abusou sistematicamente de adversários em protestos de 2017, diz relatório

29/11/2017 08h16

CARACAS (Reuters) - A Venezuela abusou "sistematicamente" de manifestantes anti-governo este ano, disseram dois grupos de direitos humanos nesta quarta-feira, incluindo através de espancamentos, lançamento de gás lacrimogêneo em áreas fechadas e forçando detidos a comer alimentos misturados com excremento.

O impopular presidente de esquerda da Venezuela, Nicolás Maduro, enfrentou quatro meses de protestos quase diários pedindo por eleições antecipadas, auxílio humanitário para combater a escassez de comida e remédios, respeito pelo Congresso liderado pela oposição e liberdade para ativistas detidos.

Manifestantes dizem que soldados da Guarda Nacional reprimiram seu direito de protestar, enquanto Maduro diz que seu governo enfrentou uma "insurgência armada" apoiada pelos Estados Unidos.

Mais de 120 pessoas morreram durante os protestos, entre elas manifestantes, defensores do governo, autoridades de segurança e transeuntes.

Em relatório conjunto, a organização não governamental sediada em Nova York Human Rights Watch e a venezuelana Fórum Penal documentaram 88 casos entre abril e setembro de uso excessivo de força durante manifestações convocadas para protestar contra prisões arbitrárias. Cerca de 5.400 pessoas foram detidas, com ao menos 757 julgadas em tribunais militares, disse o relatório.

"Os terríveis abusos generalizados contra adversários do governo na Venezuela, incluindo chocantes casos de tortura, e a absoluta impunidade para os agressores sugerem responsabilidade do governo nos níveis mais altos", disse o advogado chileno José Miguel Vivanco, diretor da Human Rights Watch nas Américas.

O Ministério de Informação da Venezuela não respondeu a pedido por comentário.