Taiwan é aconselhada pela China a se acostumar com exercícios militares e diz querer paz
PEQUIM/TAIPÉ (Reuters) - Taiwan se acostumará gradualmente com exercícios da Força Aérea chinesa ao redor da ilha, comunicou a China nesta quarta-feira, e o primeiro-ministro taiwanês reiterou o desejo do Estado autoadministrado de ter relações pacíficas com sua vizinha gigante.
A China considera a democrática Taiwan seu território e jamais renunciou ao uso da força para colocar o que vê como uma província rebelde sob seu controle.
Os chineses vêm endurecendo sua postura em relação a Taiwan desde que Tsai Ing-wen, do pró-independência Partido Democrático Progressista, venceu as eleições presidenciais do ano passado e intensificou a retórica e os exercícios militares do território.
Pequim suspeita que ela almeja a independência formal da ilha, uma linha vermelha para a China. Tsai diz querer a paz com a China, mas também que defenderá a segurança e o estilo de vida de Taiwan.
A mídia estatal chinesa vem fazendo uma cobertura ampla dos exercícios de "cerco da ilha" próximos de Taiwan neste mês, inclusive exibindo fotos de bombardeiros chineses com o que chamam de pico mais alto de Taiwan, Yushan, visível ao fundo.
Indagado sobre os exercícios contínuos e as imagens divulgadas pela Força Aérea, o Escritório de Assuntos de Taiwan, organismo que formula as políticas da China para a ilha, disse que o próprio escritório e o Ministério da Defesa descreveram os exercícios diversas vezes como rotineiros.
"Todos se acostumarão lentamente", disse o porta-voz An Fengshan em um boletim de rotina à imprensa, sem dar detalhes.
A Força Aérea chinesa realizou 16 rodadas de exercícios perto de Taiwan no último ano ou perto disso, informou o Ministério da Defesa taiwanês em um documento de governo nesta semana. A ameaça dos militares chineses cresce dia a dia, alertou.
A orgulhosamente democrática Taiwan não mostrou nenhum interesse em ser administrada pela autocrática China, e o governo de Taiwan acusa Pequim de não entender a democracia quando critica Taipé.
O premiê de Taiwan, William Lai, disse em uma coletiva de imprensa de final de ano na capital que os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul estão prestando muita atenção às atividades da Força Aérea da China.
Lai disse que seu governo se guiará pela presidente, que está a cargo das relações no Estreito de Taiwan.
"Sob a liderança da presidente, o Yuan Executivo leva adiante assuntos de governo, estabilizando as relações através do estreito visando um desenvolvimento pacífico", disse Lai, usando o nome formal do gabinete de Taiwan.(Por Ben Blanchard e Jeanny Kao)
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