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Conversas turbulentas sobre Síria terminam na Rússia e ignoram exigências-chave da oposição

Participantes após congresso para discutir a paz na Síria - Sergei Karpukhin/Reuters
Participantes após congresso para discutir a paz na Síria Imagem: Sergei Karpukhin/Reuters

Kinda Makieh e Maria Tsvetkova

De Sochi (Rússia)

30/01/2018 19h57

Uma conferência realizada na Rússia sobre paz na Síria terminou nesta terça-feira (30) com um comunicado pedindo eleições democráticas, mas ignorando exigências-chave da oposição, após um dia marcado por disputas e perguntas inconvenientes do ministro das Relações Exteriores da Rússia.

Os participantes também concordaram na conferência em estabelecer um comitê para reescrever a Constituição síria, que grande parte da oposição diz ter objetivo de servir aos interesses do presidente Bashar al-Assad e de seu grande aliado, Moscou.

Um comunicado final informou que os sírios devem decidir sobre seu futuro através de eleições, mas não informou se refugiados sírios terão permissão para participar, algo pretendido por adversários de Assad e Estados ocidentais.

Os sírios possuem o "direito exclusivo" de escolher seu sistema político sem intervenção estrangeira, acrescentou o comunicado, que também pediu a preservação de forças de segurança, sem pedir a reforma dessas forças, algo que a oposição tem demandado.

"Esta conferência é feita sob medida para Assad e seu regime terrorista", disse Mustafa Sejari, uma autoridade sênior do grupo rebelde Exército Livre da Síria (FSA), que opera no norte da Síria. "O comunicado de Sochi não nos interessa e nem mesmo é um assunto de discussão."

A Rússia sediou o que chamou de Congresso Sírio de Diálogo Nacional no resort de Sochi, no Mar Negro. Após ajudar a levar o rumo da guerra na Síria a favor de Assad, o governo russo se apresentou como um mediador da paz no Oriente Médio.

No entanto, o evento foi boicotado pela liderança da oposição síria, enquanto potências como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França se afastaram por conta do que dizem ser uma recusa do governo sírio de se envolver adequadamente.