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Rússia expulsa 59 diplomatas de 23 países em retaliação após morte de ex-espião

30/03/2018 15h19

Por Andrew Osborn e Christian Lowe

MOSCOU (Reuters) - A Rússia expulsou 59 diplomatas de 23 países nesta sexta-feira e disse que se reservava o direito de agir contra outras quatro nações em impasse com o Ocidente após o envenenamento de um ex-espião russo e sua filha em solo britânico.

Moscou informou que a decisão foi tomada em resposta ao que chamou de demandas sem fundamentos para que seus próprios diplomatas deixem uma grande quantia de países majoritariamente ocidentais que se juntaram a Londres e Washington na censura aos russos pelo envenenamento de Sergei Skripal e sua filha Yulia.

Um dia antes, Moscou ordenou a expulsão de 60 diplomatas norte-americanos e o fechamento do conselho dos Estados Unidos em São Petesburgo, a segunda maior cidade da Rússia, em retaliação à maior expulsão de diplomatas desde a Guerra Fria.

Preparativos pareciam estar em andamento nesta sexta-feira para o fechamento da missão diplomática norte-americana em São Petesburgo, com caminhões de mudança fazendo repetidas viagens para dentro e fora do consulado, que ainda recebeu uma enorme entrega de pizza para os funcionários.

A Rússia convocou nesta sexta-feira enviados da maioria dos países que expulsaram diplomatas russos e informou a eles que estava expulsando um número proporcional deles. Moscou já havia retaliado o Reino Unido por expulsar 23 diplomatas pelo primeiro uso conhecido de agente militar em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

O embaixador britânico Laurie Bristow foi convocado novamente nesta sexta-feira.

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia informou que Bristow foi informado de que Londres tinha apenas um mês para reduzir seu contingente diplomático da Rússia ao mesmo tamanho da missão russa no Reino Unido.

Uma porta-voz da pasta de Relações Exteriores do Reino Unido não informou quantos diplomatas britânicos seriam afetados, mas disse que a resposta russa foi lamentável e que Moscou violou em em flagrante a lei internacional ao assassinar seu ex-espião.

O envenenamento, no sul da Inglaterra, uniu boa parte do Ocidente para agir contra o que as políticas que vê como hostis do presidente Vladimir Putin. Isso inclui os Estados Unidos sob o comando de Donald Trump, que Putin esperava melhorar os laços.

A Rússia rejeita a acusação britânica de que estaria por trás do ataque e apontou as alegações como parte de um golpe elaborado do Ocidente para sabotar as relações entre Ocidente e Oriente e isolar Moscou.

O hospital em que a filha de Sergei Skripal está sendo tratada informou na quinta-feira que Yulia estava melhorando após passar três semanas em estado crítico devido ao uso da toxina no ataque.

A emissora britânica BBC, citando fontes, informou nesta sexta-feira que Yulia estava "consciente e falando".

EXPULSÕES

No decorrer desta sexta-feira, o Ministério de Relações Exteriores da Rússia convocou autoridades diplomáticas seniores de Austrália, Albânia, França, Alemanha, Itália, Polônia, Países Baixos, Croácia, Ucrânia, Dinamarca, Irlanda, Espanha, Estônia, Letônia, Lituânia, Macedônia, Moldávia, Romênia, Finlândia, Noruega, Suécia, Canadá e República Tcheca.

Todos foram vistos chegando em seus carros oficiais ao prédio em estilo gótico do ministério, em Moscou.

"Eles (os diplomatas) receberam notas de protesto e foram informados que, em resposta às exigências injustificadas dos Estados em expulsar diplomatas russos.... o lado russo declara número correspondente de funcionários trabalhando nas embaixadas desses países na Federação Russa persona non grata", informou o ministério em comunicado.

Além disso, quatro outros países - Bélgica, Hungria, Geórgia e Montenegro - anunciaram apenas "no último momento" que também expulsariam diplomatas russos pelo caso Skripal, e Moscou se reservou o direito de tomar medida de retaliação contra eles também, acrescentou o ministério.

Ao sair do prédio, o embaixador alemão Rudiger von Fritsch disse que a Rússia tinha questões a responder sobre o envenenamento de Skripal, mas que Berlim continuava aberta ao diálogo com Moscou.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos informou que se reservava o direito de responder além disso, dizendo que a lista de diplomatas designados para expulsão pela Rússia mostrava que Moscou não estava interessado em diplomacia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou a repórteres nesta sexta-feira que discordava dessa avaliação e que Putin ainda favorecia a reparação de laços com outros países, incluindo os EUA.

(Reportagem adicional de Maria Kiselyova, Maxim Rodionov eChristian Lowe em Moscou, Toby Sterling em Haia, ElisabethO'Leary em Edimburgo, Steve Scherer em Rome e Jussi Rosendahlem Helsinque)