Médico espanhol vai a julgamento por escândalo de roubo de bebês
Por Sonya Dowsett
MADRI (Reuters) - Um ginecologista espanhol foi a julgamento nesta terça-feira por supostamente sequestrar um bebê em 1969 e entregá-lo a outra mulher, o primeiro réu a ser julgado pelo escândalo dos "bebês roubados" que afetou milhares de pessoas na Espanha.
Ativistas vestidos com camisetas amarelas com a palavra "Justiça" protestaram diante do tribunal exigindo a reabertura de outros casos que remontam ao governo do ditador Francisco Franco entre 1939 e 1975.
Os ativistas dizem que as autoridades tiraram bebês de mães consideradas "inadequadas" --muitas vezes comunistas ou militantes de esquerda-- e os entregavam a famílias ligadas ao regime ditatorial.
O médico Eduardo Vela é acusado de falsificar documentos, sequestrar uma criança de menos de 7 anos de idade e de fingir um parto quando trabalhava no hospital San Ramón de Madri. Ele nega qualquer delito.
A autora da acusação é Ines Madrigal, de 49 anos, que acusa Vela de forjar sua certidão de nascimento de 1969 para mostrar sua mãe adotiva como biológica.
O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón registrou casos de cerca de 30 mil crianças espanholas que foram raptadas após o parto durante o governo Franco.
Casos semelhantes ocorreram durante a ditadura militar de 1976 a 1983 na Argentina, onde desde então os tribunais atribuíram penas de prisão longas pelo roubo sistemático de bebês de prisioneiras políticas.
Os ativistas dizem que centenas de casos parecidos jamais chegaram às cortes da Espanha por causa da falta de provas ou porque o limite de tempo para apresentar uma acusação se esgotou.
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