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Irã e potências trabalham para salvar acordo nuclear apesar de sanções dos EUA

25/09/2018 08h09

Por Parisa Hafezi e John Irish

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - As partes remanescentes do acordo nuclear com o Irã concordaram na segunda-feira em continuar trabalhando para manter o comércio com Teerã, apesar das dúvidas sobre essa possibilidade devido à retomada das sanções dos Estados Unidos às vendas de petróleo iraniano em novembro.

O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu em maio abandonar o pacto e reativar sanções econômicas contra o Irã, inclusive aquelas que tentam forçar os grandes clientes do país-membro da Opep a pararem de comprar petróleo iraniano.

Em um comunicado após uma reunião entre Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Irã na segunda-feira, o grupo disse estar determinado a desenvolver mecanismos de pagamento para preservar o comércio com o Irã, apesar do ceticismo de muitos diplomatas a respeito dessa possibilidade.

"Cientes da urgência e da necessidade de resultados tangíveis, os participantes acolheram propostas práticas para manter e desenvolver canais de pagamento, principalmente a iniciativa de estabelecer um Veículo de Propósito Especial (SPV) para facilitar pagamentos ligados às exportações do Irã, inclusive de petróleo", disse o grupo em um comunicado conjunto após a reunião.

Vários diplomatas europeus disseram que a ideia do SPV é criar um sistema de escambo, semelhante àquele usado pela União Soviética durante a Guerra Fria, para trocar petróleo iraniano por produtos europeus sem o pagamento de dinheiro.

A ideia é driblar as sanções dos EUA a serem restauradas em novembro, por meio das quais Washington pode isolar do sistema financeiro norte-americano qualquer banco que facilitar transações de petróleo com Teerã.

Falando a repórteres depois da reunião, a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que a decisão de criar tal veículo já foi tomada e que especialistas técnicos voltarão a se encontrar para acertar os detalhes.      

"Em termos práticos, isso significará que Estados-membros da UE criarão uma entidade legal para facilitar transações financeiras legítimas com o Irã, e isso permitirá a empresas europeias continuar a negociar com o Irã de acordo com a lei da União Europeia e pode ser aberto a outros parceiros no mundo", disse.

Mas muitos diplomatas e analistas duvidam que tal veículo pode evitar as sanções dos EUA, já que Washington pode emendar suas leis de sanções para proibir tais trocas.

(Reportagem adicional de Yara Bayoumy, Arshad Mohammed e Michelle Nichols)