Comitê do Senado dos EUA apoia escolha de Trump para Suprema Corte, mas republicano pede investigação do FBI
Por Amanda Becker, David Morgan e Lawrence Hurley
WASHINGTON, 28 Set (Reuters) - Um comitê liderado por senadores republicanos aprovou a nomeação de Brett Kavanaugh, apontado pelo presidente Donald Trump para a Suprema Corte do país, mas em um desenrolar dramático do evento, o senador republicano Jeff Flake pediu que uma investigação do FBI sobre as acusações de agressões sexuais contra Kavanaugh seja conduzida antes da votação final no Senado.
A intervenção de Flake, um republicando moderado, significa que uma votação final do Senado sobre a nomeação pode ser atrasada por até uma semana para que uma possível investigação do FBI possa ser completada. Democratas haviam pedido uma investigação do FBI, mas os republicanos se opuseram à medida.
"Eu vou deixar o Senado resolver isso. Eles vão tomar suas próprias decisões. E eles estão fazendo um bom trabalho. Muito profissional", disse Trump a jornalistas na Casa Branca quando lhe contaram sobre o pedido de Flake.
O presidente republicano, no entanto, indicou que continua apoiando a nomeação de Kavanaugh, dizendo que não pensou "nem um pouquinho" sobre um substituto para seu indicado.
O comitê do Senado se reuniu um dia após uma chocante e emotiva audiência sobre acusações de má conduta sexual contra Kavanaugh que prenderam as atenções do país, com uma professora universitária chamada Christine Blasey Ford acusando o juiz de agressão. Kavanaugh negou as acusações.
"Esse país está sendo destruído aqui", disse Flake, com sofrimento estampado no rosto, aos demais senadores. "... eu acho que podemos fazer uma pausa curta", acrescentou Flake.
"Precisamos fazer o que podemos para ter certeza que fizemos de tudo em relação a essa nomeação tão importante", acrescentou Flake.
A comissão aprovou enviar a indicação do juiz federal para o plenário do Senado por uma votação de 11 a 10 -- todos os republicanos do comitê apoiaram a aprovação, enquanto todos os democratas se opuseram.
Não está claro ainda se a investigação do FBI vai de fato acontecer. Os líderes do Senado concordaram com o pedido de Flake, mas a Casa Branca teria que orientar o FBI para agir.
Pouco antes da votação agendada no Comitê Judiciário, Flake deixou a sala para conversar com alguns democratas, acrescentando novas turbulências aos procedimentos. Durante o atraso, senadores e assessores podiam ser vistos na sala do comitê conversando em tom de voz baixo, com alguns indo e voltando da antessala da câmara do comitê.
"Sou grato ao senador Flake", disse o senador democrata Chris Coons.
"É minha esperança que possamos trabalhar em conjunto em uma base bipartidária para nos esforçarmos em ir atrás de uma investigação do FBI para a próxima semana, não para adiarmos a votação, mas para investigarmos ainda mais -- tanto as acusações da dra. Ford quanto as de outras".
No início do dia, Flake, que havia manifestado antes suas preocupações sobre as acusações contra Kavanaugh, disse que Christine Ford deu um "depoimento convincente", mas que Kavanaugh havia dado uma "resposta persuasiva".
Pouco após Flake fazer seu anúncio de que votaria a favor de Kavanaugh no comitê, o senador foi confrontado no elevador enquanto estava a caminho da reunião do comitê por duas manifestantes que disseram ser sobreviventes de ataques sexuais.
"É isso que você está dizendo a todas as mulheres da América - que elas não importam, que elas deveriam se manter em silêncio", disse uma das manifestantes gritando em direção a Flake, em um confronto transmitido pela CNN.
"Eu preciso ir à audiência. Eu já emiti meu pronunciamento", disse Flake.
O plenário do Senado precisa confirmar as indicações para a Suprema Corte.
Mesmo antes do anúncio de Flake, não estava claro se os republicanos tinham os votos para confirmar Kavanaugh no plenário do Senado. O Partido Republicano detêm uma maioria apertada de 51 a 49, tornando cruciais os votos de duas senadoras republicanas moderadas que até agora estão indecisas: Lisa Murkowski e Susan Collins.
Trump disse que Murkowski e Collins devem fazer o que elas pensam ser o correto.
O horário da sessão deu aos membros do comitê pouco tempo para revisar os depoimentos de Kavanaugh e Christine Ford, que o acusou de tê-la agredido sexualmente quando eles eram estudantes do ensino médio em 1982. Kavanaugh negou veementemente as acusações e acusou os democratas de promoverem um "golpe calculado e orquestrado".
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