Tribunal coreano revolta Japão ao determinar indenização de empresa a operários da Segunda Guerra
O principal tribunal da Coreia do Sul decidiu nesta terça-feira (30) que a japonesa Nippon Steel & Sumitomo Metal Corp precisa indenizar quatro sul-coreanos por seu trabalho forçado durante a Segunda Guerra Mundial, um veredicto que o Japão disse ser "impensável", mas expressando a esperança de que a cooperação com o vizinho para reduzir as tensões com a Coreia do Norte não seja afetada.
Veja também:
- Diário revela remorsos do imperador japonês Hirohito pela 2ª Guerra
- Bombas da 2ª Guerra Mundial 'enfraqueceram' atmosfera, diz estudo
A Suprema Corte sul-coreana tomou uma decisão histórica ao confirmar uma ordem de 2013 para que a empresa pague o equivalente a 87.700 dólares a cada um dos quatro operários da siderúrgica, que iniciaram a ação em 2005 em busca de indenizações e salários nunca pagos.
A corte determinou que o direito dos ex-operários à indenização não foi anulado por um tratado de 1965 que normalizou os laços diplomáticos, rejeitando a posição adotada pelo governo e pelos tribunais do Japão, informou a agência de notícias Yonhap.
Lee Choon-shik, de 94 anos, o único sobrevivente entre os demandantes, saudou a decisão, dizendo em uma coletiva de imprensa televisionada que lhe "partiu o coração vê-la hoje, sendo o único ainda vivo".
O Japão e a Coreia do Sul compartilham uma história amarga, que inclui a colonização japonesa da península coreana entre 1910 e 1945 e o uso de "mulheres de consolo", um eufemismo japonês para meninas e mulheres, muitas delas coreanas, obrigadas a trabalhar em seus prostíbulos nos tempos da guerra.
O veredicto provocou uma reação rápida e raivosa de Tóquio.
Discursando no Parlamento, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que a questão foi "completa e finalmente" decidida pelo tratado de 1965. "Este veredicto é uma decisão impossível à luz da lei internacional", afirmou.
O ministro das Relações Exteriores, Taro Kono, que convocou o embaixador sul-coreano, Lee Su-hoon, após a decisão, disse que ela "subverteu fundamentalmente a base legal de uma amizade bilateral desde a normalização dos laços em 1965".
Mas Kono disse aos repórteres que espera que Seul faça o necessário para evitar que a questão afete a cooperação dos dois aliados asiáticos dos Estados Unidos para tentar conter o programa nuclear da Coreia do Norte.
A Nippon Steel disse que o veredicto é "profundamente lamentável" e que o analisará antes de adotar qualquer medida.
(Por Hyonhee Shin, em Seul; Kiyoshi Takenaka e Elaine Lies, em Tóquio; Reportagem adicional de Jeongmin Kim e Jane Chung, em Seul; e Linda Sieg, Yuka Obayashi e Kiyoshi Takenaka, em Tóquio)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.