Premiê canadense diz não vai "bater na mesa" por conta de detenções na China
Por David Ljunggren
OTTAWA (Reuters) - O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, pediu cautela nesta quarta-feira e disse que não vai "bater numa mesa" após a China ter detido um terceiro canadense em meio a uma disputa diplomática sobre a prisão de uma executiva chinesa de uma empresa de tecnologia.
As detenções dos canadenses, incluindo uma revelada nesta quarta, se seguem à prisão no começo de dezembro em Vancouver de Meng Wanzhou, executiva da gigante de telecomunicações chinesa Huawei. A prisão foi feita a pedido dos Estados Unidos, que travam uma guerra comercial com a China.
Trudeau tem estado sob pressão para ser mais duro sobre as detenções, mas disse: "Gestos ou declarações políticos não vão necessariamente ajudar. Eles podem na verdade atrapalhar a libertação dos canadenses. Vamos encarar cada situação cuidadosamente e seriamente."
"Os canadenses entendem que gestos políticos podem ser satisfatórios no curto prazo como se estivesse batendo na mesa e fazendo algo significativo, mas isso talvez não contribua diretamente para o resultado que todos queremos, que esses canadenses voltem para casa em segurança", disse.
Trudeau afirmou que está pedindo à China mais informações sobre as detenções. Nenhum detalhe foi dado recentemente, mas Trudeau disse que era "um caso muito separado" do da semana passada, quando o diplomata canadense Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor foram detidos em meio à disputa diplomática iniciada pela prisão de Meng.
A Huawei é a maior fornecedora do mundo de equipamentos de redes telefônicas e a segunda maior vendedora de celulares. Os EUA examinaram desde pelo menos 2016 se a empresa enviava produtos dos EUA para o Irã e outros países em violação às leis e sanções norte-americanas, relatou a Reuters em abril.
O governo canadense disse várias vezes que não vê uma ligação clara entre a prisão de Meng, filha do fundador da Huawei, e as detenções de Kovrig e Spavor. Contudo, diplomatas ocidentais em Pequim e ex-diplomatas canadenses afirmaram acreditar que as detenções são uma represália chinesa.
Bob Rae, enviado especial do Canadá para Mianmar e ex-líder do Partido Liberal, disse nesta quarta que não há coincidências e que as detenções pareciam "demais com tomada de reféns".
Um representante da embaixada chinesa em Ottawa disse que a embaixada não tinha informações para divulgar sobre o tema.
Meng é acusada pelos EUA de enganar bancos sobre transações ligadas ao Irã, colocando bancos sob o risco de violarem sanções norte-americanas. Ela foi libertada sob fiança em Vancouver, enquanto espera para saber se será extraditada para os EUA. Ela deve comparecer a um tribunal em 6 de fevereiro.
O presidente Donald Trump, dos EUA, disse à Reuters na semana passada que ele pode intervir no caso se isso ajudar a segurança nacional do país e ajudar a fechar um acordo comercial com a China.
Os comentários irritaram o Canadá, que alertaram os EUA contra a politização de casos de extradição.
Trudeau disse que uma decisão sobre usar equipamentos da Huawei na rede 5G do Canadá deve ser feita por especialistas, e não influenciada por política.
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