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EUA intensificam pressão contra Maduro enquanto Rússia apoia aliado venezuelano

25/01/2019 20h14

Por Lesley Wroughton e Mayela Armas e Angus Berwick

WASHINGTON/CARACAS (Reuters) - Os Estados Unidos intensificaram nesta sexta-feira a pressão pela queda do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e retiraram diplomatas da embaixada do país em Caracas, enquanto a Rússia prometeu prestar apoio a seu aliado socialista no país da América do Sul.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que vai pedir no sábado aos membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que reconheçam o líder oposicionista Juan Guaidó como legítimo chefe de Estado na Venezuela.

Washington solicitou uma reunião do conselho composto por 15 países-membros depois que uma série de países manifestaram apoio a Guaidó, que é o presidente da Assembleia Nacional e busca o afastamento de Maduro.

A Rússia se opôs à solicitação e acusou Washington de apoiar uma tentativa de golpe, colocando a Venezuela no centro de um crescente embate geopolítico. Moscou vai insistir no cumprimento da lei internacional, disse nesta sexta-feira o chanceler russo, Sergei Lavrov, segundo a agência de notícias russa RIA.

Agentes privados que conduzem missões militares secretas para a Rússia voaram para a Venezuela nos últimos dias para incrementar a segurança de Maduro, segundo fontes.

Maduro disse concordar com o debate sobre a situação da Venezuela e em uma resposta irônica numa entrevista coletiva, nesta sexta-feira, agradeceu Pompeo por fazer a solicitação à ONU.

“Eu estava prestes a dizer paro o ministro das Relações Exteriores ‘peça uma discussão no Conselho de Segurança’, (mas) Mike Pompeo saiu na minha frente”, disse Maduro. “Obrigado, Mike... vamos contar a verdade sobre os artigos da Constituição, sobre o golpe.”

Mais cedo, diplomatas norte-americanos deixaram a embaixada dos EUA em Caracas em um comboio com escolta policial em direção ao aeroporto, de acordo com uma testemunha da Reuters. Maduro, em um discurso exaltado na quarta-feira, rompeu as relações diplomáticas com Washington e ordenou a saída do staff dos EUA dentro de 72 horas.

Na quinta-feira, o Departamento de Estado dos EUA disse a alguns funcionários do governo para deixarem a Venezuela e aconselhou cidadãos norte-americanos a considerarem o mesmo. Até o momento, o órgão não respondeu a um pedido de comentário sobre a movimentação do staff da embaixada nesta sexta-feira.

A chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, defendeu nesta sexta-feira a investigação de relatos sobre o uso excessivo da força contra manifestantes pelas forças de segurança venezuelanas, afirmando estar “extremamente preocupada” com uma rápida e possível perda de controle da situação.

Guaidó, que tem animado a oposição na Venezuela, se autoproclamou presidente interino na quarta-feira, durante uma marcha com centenas de milhares de pessoas em Caracas.

Ele considera buscar recursos em instituições internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), disseram nesta sexta duas pessoas familiares com os planos.

No entanto, ele ainda não possui controle sobre o aparato de Estado venezuelano nem sobre os militares, que até agora continuam leais a Maduro, apesar da profunda crise econômica e política que tem provocado um fuga em massa do país, ante estimativas para inflação que ultrapassam os 10 milhões de por cento ao ano. Guaidó prometeu anistiar os militares que renegarem Maduro.

Nesta sexta, Guaidó repetiu a oferta aos membros das Forças Armadas em toda a Venezuela, pedindo aos soldados “que se coloquem ao lado da Constituição”.

A maioria dos países latino-americanos se juntaram aos EUA no apoio à autoproclamação de Guaidó como presidente, embora o novo governo de esquerda do México não tenha apoiado nenhum dos lados. O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador disse nesta sexta-feira que seu governo está disposto a servir como mediador.

(Reportagem de Vivian Sequera, Shaylim Valderrama, Ana Isabel Martinez, Brian Ellsworth, Deisy Buitrago, Angus Berwick e Mayela Armas, em Caracas; e Lesley Wroughton, em Washington; Reportagem adicional de Patricia Zengerle, em Washington)