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Suprema Corte de Israel veta candidatura de extrema-direita e aprova partido árabe em eleição

17/03/2019 17h49

Por Dan Williams

JERUSALÉM (Reuters) - A Suprema Corte de Israel desqualificou, neste domingo, um político judeu de extrema-direita da eleição nacional do próximo mês, e aprovou a candidatura de um partido árabe, derrubando decisões tomadas pelo comitê eleitoral em 6 de março, informou o tribunal em comunicado.

A decisão da mais alta corte de Justiça de Israel era esperada e não deve prejudicar os planos do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de desenhar uma aliança de direita para assegurar-lhe um quinto mandato, o que seria um recorde.

Mas o veredicto aumentou a polêmica em uma campanha em que o campo político do premiê se colocou como vítima do Judiciário e da imprensa, e acusou os rivais de centro-esquerda de racismo e promoção do medo.

O tribunal decidiu a favor de partes que alegavam que Michael Ben-Ari, do Partido Poder Judeu, proferiu palavras de racismo contra árabes. O procurador-geral da República pediu a condenação do político.

Outros membros do partido, uma pequena facção que é parte de uma coalizão ultranacionalista que, no mês passado, ensaiou uma aliança com o Likud, de Netanyahu, permanecem elegíveis.

O Comitê Central das Eleições, grupo de monitoramento formado por delegados de partidos no Parlamento atual, aprovou no mês passado a candidatura de Ben-Ari e desqualificou o Raam-Balad, uma coligação que representa os 20 por cento da minoria árabe de Israel.

No passado, Israel processou dois membros do Balad por contato com militantes palestinos e acusou um ex-líder do partido de ajudar o Hezbollah durante a guerra no Líbano em 2006.

A corte retirou o banimento do Raam-Balad, um misto de islâmicos e nacionalistas árabes, que se descreve como um movimento democrático.

A busca de Netanyahu pela reeleição foi desafiada por um rival de centro, o ex-chefe das Forças Armadas Benny Gantz. Ambos têm acusado ao outro de corrupção, intolerância, desprezo pela segurança nacional e encorajamento dos inimigos de Israel.

A parceria do premiê com o Poder Judeu também causou uma rara censura dos lobistas pró-Israel nos Estados Unidos e no AIPAC, aliado convencional do premiê, que classificou a legenda de “racista e repreensível”.

Uma pesquisa publicada pela emissora Kan neste domingo colocou o Likud na liderança para a formação de um governo de coalizão, com 31 assentos dos 120 do Parlamento, contra 30 do Partido Azul e Branco, de Gantz.

Se reeleito, Netanyahu se tornará em julho o primeiro-ministro com mais tempo à frente de Israel. Esse plano sofreu um grande baque no mês passado, quando o procurador-geral, Avichai Mandelblit, anunciou que pretendia indiciar o premiê por suborno e quebra de confiança. O político nega qualquer delito e pode evitar ser formalmente acusado em uma audiência de revisão após as eleições.