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Forças Armadas do Peru declaram apoio a Vizcarra após suspensão do Congresso

23.mar.2018 - Presidente do Peru, Martín Vizcarra, fala após ser empossado no Congresso - Mariana Bazo/Reuters
23.mar.2018 - Presidente do Peru, Martín Vizcarra, fala após ser empossado no Congresso Imagem: Mariana Bazo/Reuters

Marco Aquino

Em Lima

01/10/2019 08h35

Os comandos das Forças Armadas e da polícia de Peru apoiaram o presidente Martín Vizcarra depois que o mandatário ordenou a dissolução do Congresso com o objetivo de renová-lo e de parlamentares de oposição nomearem a vice-presidente como líder interina do país, em um aprofundamento da disputa pelo poder.

Os militares e a polícia mostraram seu apoio na noite de segunda-feira após quase dois terços do Congresso —comandado pela oposição— aprovarem a suspensão temporária de Vizcarra, na pior crise política do Peru em quase duas décadas.

O gabinete da Presidência publicou um tuíte com uma foto de Vizcarra, um político de centro, sentado à mesa com o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas e os comandantes-gerais do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e da polícia, assegurando o apoio.

Vizcarra, que lançou uma campanha anticorrupção, acusa o Congresso de dificultar o trabalho do governo com frequentes interpelações a ministros, além de pressionar pela renúncia de membros do gabinete com o voto majoritário do partido de direita liderado por Keiko Fujimori, ex-candidata à Presidência que está detida enquanto a investigam por lavagem de dinheiro.

Cerca de 86 parlamentares, dentre os 130 membros do Congresso, se negaram a deixar a Casa na noite de segunda-feira e, em uma inesperada sessão, aprovaram a suspensão das funções de Vizcarra por 12 meses devido a "incapacidade temporária".

Pouco depois, os parlamentares da oposição proclamaram a vice-presidente, Mercedes Aráos, como chefe de Estado interina.

A decisão de Vizcarra sobre suspender o Congresso e convocar eleições parlamentares ocorreu logo após os congressistas nomearem um dos membros do Tribunal Constitucional apesar dos avisos do presidente de que suspenderia a Câmara se assim fizessem.

"Diante da negação factual da confiança e em respeito irrestrito à Constituição política do Peru, decidi dissolver constitucionalmente o Congresso e convocar eleições de deputados da República", disse Vizcarra.

Aráoz, antes de assumir o cargo de presidente interina, disse que irá à Organização dos Estados Americanos (OEA) para ajudar o Peru a resolver o "impasse político".

A ação do presidente foi uma resposta à decisão do Congresso de arquivar um projeto seu para avançar nas eleições gerais, a fim de tentar acabar com o conflito entre os dois poderes.